O curioso caso de Phineas Gage
(Roelf Cruz Rizzolo)
No dia 13 de setembro de 1848, o jovem Phineas Gage, então com 25 anos, por sua dedicação ao trabalho, responsabilidade, companheirismo e liderança no trabalho foi nomeado capataz de um grupo de trabalhadores, responsáveis pela construção de uma via férrea. Este grupo tinha a missão de explodir grandes rochas para permitir a colocação dos trilhos. Os buracos de aproximadamente 30 centímetros, eram feitos na pedra e, posteriormente, preenchidos com pólvora. Para empurrar a pólvora Phineas uitilizava uma barra de ferro de mais de um metro de comprimento e quase três centímetros de diâmetro. Nesse dia, porém, ao empurrar a barra de ferro no interior do orifício, uma faísca detonou a pólvora e a barra lançada, atravessou a cabeça de Phineas; perfurou sua órbita empurrando o globo ocular para fora; destruiu parte do cérebro e saiu pela região superior do crânio, provocando um orifício de quase seis centímetros de diâmetro entre os ossos parietais e frontal.
Por incrível que possa parecer, Phineas não morreu. Desmaiou pelo impacto, mas minutos depois estava em pé conversando com colegas. Levado ao médico, este tentou recolocar os fragmentos do osso em seu lugar e suturou da melhor forma possível o couro cabeludo. Passados alguns dias, a enorme ferida infeccionou e o jovem entrou em coma. Surpreendentemente, porém, mais uma vez Phineas recuperou-se e passou a levar uma vida normal. No entanto, Phineas já não era mais o mesmo. Tornou-se instável, impaciente, grotesco e de escasso respeito aos seus semelhantes.
Em razão do ocorrido com Phineas Gage, a velha separação "corpo e alma" descrita por Descartes. começa a ruir. O que nos torna aquilo que realmente somos parece não flutuar no ar, pois pode ser destruído juntamente como nossos lobos frontais.
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