Os sofrimentos do jovem Werther
(Johann Wolfgang Goethe)
Há dias tento postar alguma nota sobre o Werter, de Goethe, que finalmente consegui ler. Fiquei impressionado com a magistral obra, romance inaugural do modernismo alemão, em primorosa edição, comentada. Não lembro de nada que se compare, pelo menos nas memórias das minhas (relativamente) poucas leituras. Os sofrimentos do jovem Werther, escrito em 4 semanas no ano de 1774, mantém o vigor intacto, e perturbador. Sua construção distancia-o dos romances baseados em troca de correspondência entre personagens, o que torna a leitura mais fácil, esclarecedora. Na obra de Goethe, apenas o jovem escreve, desnudando-se e conduzindo a trama. as intervenções, em notas de rodapé, de um suposto editor, apenas contribuem para lançar luz sobre alguns fatos, nomes, lugares; não intervem na narrativa diretamente. É Werther, e só ele, quem conduz.
Como escreveu o tradutor Marcelo Backes, no prefácio, trata-se do "romance de uma alma, uma história interior...", e mais adiante: "o sujeito se evidencia tão vigoroso no romance, que não permite a aparição dos correspondentes e se assegura tão somente na sua opinião".
Impressionante. Ainda mais quando se sabe que existem fortes laços autobiográficos: Goethe realmente se apaixonou por uma mulher casada, o que é confirmado pelo marido, ao fim do livro...
Os sofrimentos do jovem Werther causou furor à época, na Alemanha. Suicídios foram atribuídos à sua leitura; o bispo lorde Bristol chegou a acusá-lo de imoral. Marcelo Backes: Goethe respondeu, na lata, que "se ele falava nesse tom do seu pobre Werther, com que tom deveria falar dos poderosos da terra. Com um traço de sua pena, eles mandam milhares de pessoas à guerra - onde estas se matam e se trucidam -, enquanto a própria Igreja agradece aos céus por isso e lhes entoa um Te deum em louvor".
Perturbador.
Só pra encerrar, motivo de orgulho pra Goethe: o poderoso Napoleão leu Werther 7 vezes...
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