Resumo de Virando a própria mesa

A grande desvantagem de ter apenas 28 anos é não ter tido tempo de acumular dezenas de histórias para contar. Para contar histórias com essa idade é preciso vasculhar os primeiros anos de vida. E preencher um capítulo inteiro com quedas de triciclo e primeiros beijos não vai ser fácil.
Nascido no mês de junho. Manteve sua mãe em trabalho de parto durante catorze horas. O seu pai dizia que ele era facilmente reconhecido no berçário pelo berreiro ininterrupto. Uma das fases felizes de sua vida foi a do rock'n'roll. O primeiro conjuntinho partiu de um violão elétrico e uma bateria comprados na Rua Aurora. Foram anos de cabelo comprido e rabo-de-cavalo. Anos em que fotos que sua mãe mostrava às visitas davam a entender que ela tinha duas filhas, e não um casal. Para ele, o atletismo foi uma aula de vida. Praticava 100 metros rasos, 400 metros e salto em altura. Na mesma época assistia a um programa de TV que marcou sua vida profundamente. Era uma entrevista com um tal John Goddard, americano, 61 anos, que tinha feito, aos 15 anos, uma lista de objetivos que queria cumprir durante sua vida. Faltavam apenas dezenove, que incluíam uma ida à Lua e estar vivo no ano 2000. O primeiro contato com o mundo dos negócios foi um susto. Tudo era tão sério. Todo mundo se fantasiava de terno e gravata para convencer um ao outro de sua seriedade.
Uma coisa que ele ficou chocado logo nos primeiros dias em que entrou na empresa foi ver os operários serem revistados no final da tarde. Uma das coisas que mais tem peso equivocado na empresa moderna é o QI. Procuram-se sempre pessoas com alto grau de inteligência. Um pouco disso nos lugares estratégicos é interessante e necessário. Porém, procurar pessoas com níveis destacados de inteligência em lugares demais distorce a empresa. Raramente a inteligência privilegiada anda desacompanhada de alguns dos seguintes parceiros prediletos dela: falta de modéstia, instabilidade, amadurecimento emocional atrasado, ganância de poder e dinheiro e necessidade de sobressair. Tem até inteligências que andam por aí muito bem acompanhadas de vários dos parceiros acima citados, todos ao mesmo tempo. Portanto, cuidado. Uma empresa deve estar interessada no longo prazo. Pessoas que contribuam com grandes idéias e grandes jogadas na maioria das vezes afetam apenas o curto prazo. E o longo prazo não é feito de inúmeros curtos prazos. O excesso de inteligência ambiciosa é causa de grande tumulto. Raras são as pessoas muito inteligentes que sabem ouvir melhor do que falar. A sobrevivência a longo prazo vem de ouvir com cuidado o que a organização, a partir de seus mais humildes funcionários, tem a dizer. A verdade da empresa está lá, e não nos corredores executivos, na discussão sobre o mercado futuro de commodities, ou na sala do gerente que tem um micro em cima da mesa de trabalho. As normas e procedimentos são outra doença mental das empresas, categoria fobia. Os manuais de políticas e regulamentos são criados com base no pensamento de que, se a empresa conseguir colocar tudo por escrito, será mais objetiva, padronizará procedimentos e condutas, homogeneizará maneiras de proceder, instruirá novatos e lançará interna e externamente uma imagem única e coesa. Porém, isso faz esquecer que a empresa, para sobreviver, precisa se adaptar constantemente, e portanto deve dar a seu pessoal campo para crescer, inovar e descartar coisas antigas na troca por idéias novas. Os dois objetivos são incompatíveis. O primeiro serve para empresas que querem se congelar numa enorme pedra de gelo e assim sobreviver até ser descongelada em 2018. O segundo serve para as empresas que pretendam andar de trenó durante esta era glacial. O segredo da vida é viver o presente e grande maioria das pessoas ou vivem no passado ou sonham com um futuro que ainda vai acontecer e com isso esquecem de viver o presente, lembrem-se tudo acontece no presente.

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