Resumo de O Presidente Machado de Assis

A obra de Josué Montello (1986) O Presidente Machado de Assis: nos papéis e relíquias da Academia Brasileira, que teve sua primeira edição em 1961 é um livro de base para fundamentar os estudos sobre as correspondências de Machado de Assis, porque esta publicação traz revelações importantes que elucidam questões literárias que tiveram grande repercussão na imprensa do século XIX, tais quais a polêmica envolvendo Machado de Assis e Eça de Queirós, por ocasião do estudo crítico que o então escritor brasileiro publicou sobre o romance O Primo Basílio, na Revista O Cruzeiro em 16 e 30 de abril de 1878, respectivamente.
Além de esclarecer questões referentes a esta polêmica traz trechos de cartas inéditas do editor de Eça de Queirós, junto com a qual vieram folhas em prova de obras do escritor português e a concessão dos direitos autorais no Brasil ao primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Montello (1986) contextualiza cartas de vários correspondentes de Machado de Assis, listando dentre eles vários escritores portugueses que escrevem ao crítico brasileiro, enviando-lhe suas obras e solicitando a apreciação crítica, de modo a proporcionar divulgação e o nome dos autores como meio de recomendação de leitura. Exemplo disso é o escritor Gomes de Amorim que solicita a palavra machadiana para livrá-lo do naufrágio financeiro, depois de muito dinheiro investido na publicação da Biografia Garret e os livros estarem encalhados.
Amorim enviou algumas de suas obras a Machado de Assis que fez a apreciação crítica delas, inclusive por ser o escritor brasileiro leitor de Garret, como tem acentuado a leitura das cartas e os estudos realizados sobre o autor das Memórias Póstumas.
As apreciações realizadas por Machado de Assis eram divulgadas nos jornais cariocas que circulavam no Brasil e até mesmo na Europa.
O trabalho de leitura crítica de Machado de Assis, de acordo com as informações epistolares não atendia apenas aos confrades estrangeiros, pois que o Mestre da literatura Brasileira recebia obras de muitos recantos do país, solicitando-lhe a opinião crítica ou mesmo a divulgação da obra nas colunas jornalísticas assinadas por ele, são exemplos citados, por Montello, Joaquim Serra, Gentil-Homem, dentre outros tantos nomes da literatura nacional.
Montello, através dos manuscritos de Machado disponíveis na ABL também consegue reconstruir a estadia do historiador Guglielmo Ferreiro no Brasil, listando inclusive os gastos financeiros tido com as palestras dela e citando através das anotações minuciosas de Machado sobre o emprego dos fundos que lhe foram confiados.
No capítulo Uma amizade por correspondência, Montello registra a amizade de Mário de Alencar com Machado de Assis, amizade epistolar repleta de confidências sobre a doença, a preocupação de um com o outro por ocasião dos problemas de saúde semelhantes que acometiam ambos, além das confidências de leitura feita entre eles. Esta amizade vai durar até o fim da vida da vida de Machado de Assis.
Abordando questões posteriores a morte de Machado, Montello questiona sobre a posição de Machado e de José de Alencar na Literatura Brasileira, expondo o dissídio entre Veríssimo e Mario de Alencar, na ABL que vai ocasionar as revisões literárias de Veríssimo na sua História da Literatura Brasileira quando ele sobrepõe Machado a Alencar (pai).
Entretanto, são exatamente Veríssimo e Mário dois diligentes guardiões das Memórias de Machado de Assis, coletando tudo quanto é possível de e sobre o autor do Memorial de Aires e permitindo a Montello elaborar esta obra com os documentos que eles arquivaram na ABL.
Este livro de Montello foi a primeira obra a estudar minuciosamente estas folhas velhas guardadas na Academia e proporcionando a publicação de várias resenhas que compõem o ainda pequeno número de estudos sobre as correspondências de Machado de Assis.

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