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Equus
(Peter Shaffer)

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Peter Shaffer escreveu Equus (Perspectiva, 1978, 131 p.) em meados do século XX. É natural que resumisse ou ecoasse a maior parte das questões que marcaram seu tempo e ainda repercute hoje: até onde a psicanálise (e demais ramos que estudam a psique) poderia ir na solução do sentimento de náusea do estar no mundo? O que poderia substituir a ciência e a religião, quando ambas pareciam se mostrar ineficazes para fazer face ao absurdo da vida cotidiana? O que poderia substituir a família, quando essa instituição mostrava sinais de franca decadência? Equus tem matéria suficiente para problematizar tais questionamentos.Quando Allan Strang, um garoto perturbado, cega seis cavalos com um espeto de metal, ele é sentenciado a fazer tratamento psiquiátrico. O doutor Dysart é o profissional responsável por desvelar e revelar o que aconteceu na noite em que o adolescente cometeu o crime. Porém, ao enveredar pelas técnicas psiquiátricas em torno do caso de Allan, as próprias moléstias psíquicas do médico vão aparecer. Há um esforço em definir o que vem a ser sanidade, para justificar seu casamento, sua carreira e sua vida de normalidade, a ponto de o questionamento central ser: de quem é a vida que está sendo desnudada, a do médico ou a do paciente?Outro questionamento de motivos abundantes nessa peça é a respeito de quanta influência a publicidade, especialmente na mídia televisiva, pode exercer na sociedade e na mente dos indivíduos. Ou ainda, até que ponto o materialismo da vida moderna, particularmente espelhado em peças de propaganda, pode destruir a capacidade humana de sentir dor e paixão. De fato, essa é uma das causas tentadas por Frank, o pai, para explicar a perturbação mental de Allan Strang, quando o condena a ser estúpido pelo resto da vida, pois fica sentado em frente à TV a maior parte do tempo. Portanto, o pai de Allan representa certo grupo de pessoas que, apesar de pequeno, ainda hoje acreditam que a televisão não é parte da civilização, mas uma força do mal. Peter Shaffer parece estar bem antenado com essas questões em seu tempo, pois seu personagem principal canta jingles de comerciais mecanicamente com o objetivo de evitar responder as perguntas feitas sob pressão. Mas não temos aí certamente uma resposta final para a desordem mental do garoto que, com um pai ateu e uma mãe católica fanática, dentre outros fatores problemáticos de sua educação familiar, tem motives de sobra para ficar à deriva no mar social. Metaforicamente, Allan é abandonado em meio a uma “guerra santa” entre seus pais. Um apegado aos ditames da ciência para explicar os mistérios do mundo, enquanto a outra, uma mãe protetora, faz preces para Deus, obrigando o filho a compartilhar de sua crença a contragosto do pai. Assim, Allan é abandonado pelas autoridades familiares e entregue à autoridade psiquiátrica.Em Equus, os ‘ecos’ do século passado são ouvidos e enfatizados. Se não se pode mais localizar o centro da existência e se a ideia mesma de centro não se coloca mais em termos seguros, as profundas questões levantadas nessa peça são tão atuais quanto na época em que foi lançada.



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