BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Análise do livro "Viagens na minha terra", de Almeida Garret
(viviane do Carmo)

Publicidade
  Viagens na minha terra, romance de Almeida Garret, considerado por alguns críticos como o ápice da prosa do seu autor, inaugura um gênero completamente novo na literatura portuguesa. Tendo como modelo as obras “Viagem à roda do meu quarto” de Xavier de Mauster e “Viagem sentimental” de Laurence Stern, configura-se como uma obra de dificílima classificação, pois reúne em suas páginas relatos de viagens,  jornalísticos, ensaísta e ficcional. Toda essa miscelânea literária se deve à formação multiforme de Garrett, que segundo José Pereira Tavares, foi um homem erudito, versado em todas as literaturas.
 A narrativa inserida em Viagens na minha terra liga-se á tradição do “romance de aprendizagem” por estar impregnada de dados autobiográficos do autor. Segundo Massaud Moisés:
 A figura de Georgina é claramente pautada claramente nas reminiscências do tempo em que o autor esteve exilado em Warwick; a instabilidade emocional do protagonista, bem como seus ideais políticos, refletem o comportamento e a mundividência de Garrett. Por outro lado, agrega-se a intenção de meditar acerca da crise de valores que domina a cultura portuguesa. Nesse sentido as personagens se revestem de um valor simbólico: Carlos, alter ego do narrador, de personalidade instável, é incapaz de se relacionar, por inteiro, com o outro. Formado em um universo em crise de valores, abandona os ideais para assumir um comportamento adequado aos apelos do mundo: ser barão. Desta perspectiva, é o símbolo do Portugal contemporâneo. Frei Diniz, representa valores tradicionais destruídos pelo liberalismo. Joaninha, “a menina dos rouxinóis”, simboliza um Portugal ingênuo e telúrico que não tem mais condições de sobreviver ao progresso. Francisca, a avó, em sua cegueira, indica a imprudência com a qual o liberalismo foi assumido em Portugal: graças à falta de visão dos defensores do liberalismo, o país, impotente, assiste a sua destruição. P. 40.
   Viagens na minha terra, desenvolve-se em uma estrutura de novela contemporânea, e basicamente apresenta dois níveis narrativos: impressões de viagem, e a parte propriamente novelesca que trata do romance entre Carlos e joaninha. A linguagem usada pelo autor se aproxima muito da linguagem falada, sem, portanto, deixar de ser uma linguagem literária, o uso de digressões é constante, o próprio autor situa o leitor na narrativa, que se desenvolve em planos temporais diferentes: presente, passado recente e passado remoto, é comum na narrativa a analise psicológica das personagens, descrições físicas, como em: “os olhos de Joaninha eram verdes... não daquele verde descorado e traidor dos felinos, não não, eram verde-verde, puros e brilhantes como esmeraldas do mais subido quilate.p. 90.; com pontadas de humor e muita ironia, sátiras aos clérigos e à sociedade:
 “Nas cidades, aquela figuras graves e sérias com seus hábitos talares, quase todos pitorescos e alguns elegantes, atravessavam as multidões de macacos e bonecas de casaquinha esguia e chapelinho de alcatruz, que distinguem a peralvilha européia, cortavam a monotonia do ridículo e davam fisionomia à população. P. 92.
 A obra é permeada de ferozes críticas à falta de espiritualismo e ao materialismo: “andai ganha-pães, andai: reduzi tudo a cifras, todas as considerações desse mundo a equações de interesse corporal, vendei, agiotai. No fim de tudo isso, o que lucrou a espécie humana? Que mais umas poucas  dúzias de homens ricos”. P. 48. Nem a própria literatura da época escapa às suas críticas: “a literatura é uma hipócrita, que tem religião nos versos, caridades nos romances, fé nos artigos de jornal - como os que dão esmolas para pôr no Diário...” p.49. Observando todas essas características, pode-se dizer que Garrett se utiliza de um diálogo crítico para apontar as causas que levaram Portugal a uma crise cada vez mais profunda.
 Embora reúna uma série de características de outras escolas literárias, cronologicamente, a obra, escrita em 1846, pertence ao Romantismo (1825-1865), e é considerada a obra mais importante dessa escola, sobre ela, Masaud Moisés escreve:
 “Instrumento para reflexão do seu autor, Viagens na minha terra, não só moderniza a prosa portuguesa, extirpando-lhe os vícios retóricos de grandiloqüência, como também traz em seu bojo a marca de uma lúcida consciência dos problemas que afligem seu país.”p.40. 
Referências bibliográficas:
GARRET, Almeida. Viagens na minha terra. 3° edição. Lisboa: Sá da Costa, 1974.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa em perspectiva



Resumos Relacionados


- Viagens Na Minha Terra

- Viagens Na Minha Terra

- Viagens Na Minha Terra

- Viagens Na Minha Terra

- Viagens Na Minha



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia