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Os mímicos. V. S. Naipaul
(V. S. Naipaul)

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The Mimic Men é o título original do romance de Vidiadhar Surajprasad Naipaul, Os mímicos (Companhia das Letras, 2001, 320 p.). É, em boa medida, uma obra autobiográfica, como a maior parte das obras de Naipaul. De qualquer maneira, a escritura de um autor é sempre mais ou menos autobiográfica. Ao longo de sua carreira como escritor (única atividade a que se dedicou a vida inteira), Naipaul tem explorado as políticas de lugar e de identidade, mostrando como constructos/construções imaginários se tornam tão importantes quanto e às vezes mais “real” do que a própria “realidade”.

Nesse romance, os termos withdrawal (saída, retirada, partida, corte com as raízes) e shipwreck (naufrágio, naufragar, destroços de navio naufragado) são muito recorrentes, dando uma ambiência de distanciamento e perda de identidade em relação às raízes coloniais e/ou culturais do personagem, que são semelhantes às do próprio V. S. Naipaul, que nasceu em Trinidade, em 1932, em uma família descendente de imigrantes do norte da Índia. Aos 18 anos, viajou para a inglaterra. A partir de então continuou morando na Inglaterra, mas também passou bastante tempo viajando na Ásia, África e América. É o que se pode chamar de um intelectual diaspórico. Há semelhanças visíveis com o personagem principal do livro, Ralph Singh, que também era filho de pais descendentes de hindus. Esse personagem, ex-ministro de uma ilha imaginária do Caribe, decadente na política local, também se exila em um subúrbio de Londres, onde rabisca suas memórias. Além disso, assemelham-se, personagem e autor, em seu desencanto em relação às sociedades 'mal-acabadas' do Terceiro Mundo e no humor ácido ao (re)apresentá-las na literatura.

Os mímicos é dividido em três partes sem título, mas que poderiam ser denominadas como se segue: parte 1 - experiência em Londres, universidade, vida social (e sexual), casamento com Sandra, volta a Isabella (ilha-país natal), vida conjugal e social, e desenvolvimento empresarial e financeiro de Ralph; parte 2 - Memórias da família, da infância e da adolescência, especialmente da escola, portanto cronologicamente anterior à parte 1; e parte 3 - política, luta pela independência de Isabella, os paradoxos e confusões da militância numa colônia sem importância.

Em suma, esse romance põe em confronto os efeitos do colonialismo sobre o caráter e a identidade do indivíduo e de sua nação. Apesar do tom sem emoção da narrativa de Ralph Singh, V. S. Naipaul, conta-nos uma história com um estilo ao mesmo tempo empolgante e brutal, como se confessasse um crime. Afinal, a perda da identidade às vezes revela que talvez nunca se tenha tido uma.



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