Inocência
(Visconde de Taunay; Orlando Hanusch)
A obra apresenta duas faces bem distintas. Há por um lado uma história de amor impossível dentro dos cânones shakespearianos e de outro um vigoroso folhetim de denúncia do casamento de arranjo, fato comum no Brasil Imperial.O choque de culturas se faz sentir desde os primeiros momentos em que os personagens entram em cena: “ No meu parecer, as mulheres são tão boas como nós, se não melhores: não há, pois, pois motivo para tanto desconfiar delas e ter os homens em tão boa conta...”.
A busca de rever o papel da mulher sertaneja dentro da sociedade da época é a tese que norteia toda a obra.As conquistas sociais não são fruto de um simples acaso. Ocorreram muitos embates, lutas que ultrapassam a fronteira das questões econômicas e entram nos choques culturais observe: “Sou filha dos sertões; nunca morei em povoados, nunca li em livros, nem tive quem me ensinasse coisa alguma...”
A obra dentro deste contexto se coloca como um relato histórico do abismo entre o Brasil do litoral e o interior, mata adentro, sem deixar de lado a exuberância da fauna e da flora.Ambos objetos de cobiça dos estrangeiros, já daquela época.Observe como os nativos não entendem o trabalho de Meyer: “Um homem destes, um doutor, andar correndo atrás de vaga-lumes e voadores do mato, como menino às voltas com cigarra!”
A violência contra as liberdades individuais algo que, em nossos dias, é algo impensável para as mulheres, os jovens adolescentes e as diferentes culturas que convivem em nossa sociedade. É quase impensável que em um período da nossa história, não muito distante, o casamento por acordo prévio do pai da noiva como o noivo era tão natural quanto hoje é estranho.Esta e muitas outras questões podem ser observadas na leitura atenta da obra.
Boa leitura!
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