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Sargento Getúlio
(João Ubaldo Ribeiro)

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Sargento
Getúlio é uma narrativa de complexa formulação pois está centrada em um longo
monólogo (quebrado por alguns diálogos) do sargento da Polícia Militar do
Sergipe, Getúlio Santos Bezerra. Sua linguagem é a variante caboclo-sertaneja , da qual já se valera
Guimarães Rosa, porém acrescida de inúmeros vocábulos do padrão culto do
idioma, adulterados pela fala ingênua e criativa do protagonista-narrador: esguincho , almospenados , sinfetar , consumições ,etc.

Getúlio é jagunço ( cabo eleitoral ) de um importante chefe político de
Aracaju, Acrísio Antunes, para quem já efetivara vinte trabalhos , isto é, vinte mortes. Quando
cogita se aposentar, recebe sua última incumbência: prender um adversário
político do interior de Sergipe, (um udenista), e levá-lo para Aracaju. Getúlio
narra então ? não sabemos exatamente para quem ? as peripécias da viagem e a
sua própria vida. Através dos longos fluxos de consciência do sargento e sob
relativa desordem temporal, sabemos que ele era de origem pobre, trabalhara
como engraxate e feirante no interior, tornando-se depois soldado. Tendo
assassinado a mulher, que o traía, buscara a proteção de Acrísio Nunes, sendo
por sua lealdade contemplado com as divisas de sargento da polícia militar.

No plano presente, Getúlio avança com o prisioneiro do sertão para o litoral.
Viajam num velho automóvel, um hudso ,
dirigido por Amaro, motorista e amigo inseparável do sargento. Como jagunço, o
narrador nada pode ou quer interrogar. Só conhece ordens, as quais deve
obedecer. Socialmente, ele é uma vítima do coronelismo ainda remanescente na
década de 1950, quando se passa a ação do romance. Individualmente, é um
exterminador, corajoso, fiel, inocente, alternando gestos de incrível violência
com explosões de humanidade.

O trágico é que Getúlio precisa avançar sempre, incapaz de entender que, em
Aracaju, seu chefe, pressionado pela imprensa e por autoridades superiores,
resolvera emitir contra-ordem, mandando libertar o prisioneiro. O jogo político
e as mudanças que se verificavam no país são incompreensíveis à mente rústica
do sargento, que resolve levar a cabo sua missão de qualquer maneira. Neste
momento, e sem que ele saiba o porquê, virou um estorvo e precisa ser
eliminado.

Uma das cenas marcantes do romance ocorre quando o padre ? também ligado à
brutalidade do universo sertanejo ? adverte Getúlio, a quem admira, de que este
deve sumir. A resposta do sargento vem num jorro de palavras que traduzem sua
perplexidade:

Eu sumir, eu sumir? Como que eu posso sumir, se primeiro eu sou eu e fico aí me
vendo sempre, não posso sumir de mim e eu estando aí sempre estou, nunca que eu
posso sumir. Quem some é os outros, a gente nunca. (...) Depois o chefe me
mandou buscar isso aí, e eu fui, peguei, truxe, amansei, e vou levar mesmo
porque que o chefe agora não possa me sustentar, eu levei o homem, chego lá
entrego. Entrego e digo: ordem cumprida. Depois o resto se agüenta-se como for,
mas a entrega já foi feita, não sou homem de parar nomeio. (...) Nem que eu
estupore. Quero ver esse bom em Aracaju que me diz que eu não posso, porque eu
sou Getúlio Santos Bezerra e igual a mim ainda não nasceu. (...) Corro, berro,
atiro melhor e sangro melhor e luto melhor e brigo melhor e bato melhor e tenho
catorze balas no corpo e corto cabeça e mato qualquer coisa e ninguém me mata.
E não tenho medo de alma, não tenho medo de papafigo, não tenho medo de
lobisomem, não tenho medo de escuridão, não tenho medo de inferno, não tenho
medo de zorra de peste nenhuma.

Após vários acontecimentos sangrentos, que passam inclusive pela degola de um
tenente que fora detê-lo, Getúlio, sempre arrastando o udenista-comunista , aproxima-se de Aracaju.
Por vezes, perde a lucidez e mergulha em delírios. Chega a imaginar que tem a
seu lado um magnífico exército, cujo comandante é tão valente que persegue São
Jorge pelo sertão sergipano. Nas imediações de Aracaju, enfrenta uma força
militar que termina por abatê-lo. Surpreendentemente, o sargento narra a sua
própria morte.



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