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Dois dias em Paris - Exercício de desmistificação
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Julie Delpy tornou-se conhecida do público graças ao singelo Antes do amanhecer, filme no qual interpretava uma estudante francesa (Celine) que passa dias viajando pela Europa ao lado de um jovem americano (Jesse, interpretado por Ethan Hawke) que conhecera num vagão de trem.
Mas a fama não veio de graça. Numa entrevista concedida à época do lançamento de Dois dias em Paris, Delpy revelou ter tido alguns romances fracassados em razão da expectativa de seus namorados de encontrar nela uma mulher tão romântica quanto Celine. Difícil não se lembrar do famoso desabafo de Rita Hayworth: “Os homens se apaixonam por Gilda, mas acordam comigo”.
Dois dias em Paris é dirigido e estrelado pela própria Julie Delpy, que contracena aqui com Adam Goldberg, cuja carreira até agora só exibe papéis secundários. Você provavelmente se lembra de ter visto Russel Crowe e Jennifer Connely em Uma mente brilhante. Lembra-se também de Adam Goldberg? Não? Ele estava lá (era um dos assistentes do atormentado professor John Nash).
A história de Dois dias em Paris é bastante convencional, assim como o seu desenlace. A fotógrafa Marion (Delpy) e o namorado Jack (Goldberg) vivem em Nova York e estão enfrentando uma crise que, esperam, será curada com uma viagem à Europa. Como sempre acontece em filmes do gênero, nada sairá como o planejado, e o casal enfrentará uma série de contratempos que, em vez de implodir uma relação já desgastada, terminará por reavivar a paixão. Nada, portanto, que já não tenhamos visto inúmeras vezes.
A previsibilidade costuma ser fatal para qualquer obra artística, mas, curiosamente, não é o que acontece no filme. E isso se deve muito ao desvelo com que Delpy procura desmistificar duas imagens. A primeira é a de Paris, cidade natal de Delpy. A Paris que ela se empenha e se diverte em mostrar não é aquela que nos acostumamos a ver nos cartões postais, nos relatos literários ou em outras obras cinematográficas. Durante o tempo em que vagueiam pela Cidade Luz, não há nem sinal do Louvre, da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo ou do Rio Sena. A Paris de Delpy lembra uma cidade de terceiro mundo com suas paisagens feias, seus prédios decrépitos, seus subúrbios sujos e perigosos. À certa altura, depois de ter sido confundido com um assaltante por dois policiais, Jack exclama irônico: “Bem-vindo ao Iraque”. As únicas verdades sobre Paris que Delpy não faz questão de desmentir são aquelas que prejudicam a imagem da cidade (e, por extensão, da França), como a proverbial intolerância pelos forasteiros que não falam o idioma nativo ou a célebre aversão dos franceses pelo banho diário.
Mas não é só a imagem de Paris que Delpy quer desmistificar. A sua também. Quem, tal como os ex-namorados dela, espera encontrar aqui o sentimentalismo de Celine, pode tomar um susto. Quase irreconhecível com seus cabelos desgrenhados, suas roupas grosseiras, Delpy parece envelhecida, feia e cansada, numa versão cruel de si mesma. Sua personagem Marion não demonstra ter qualquer ilusão sobre o amor, nem esperar nada mais de um relacionamento do que o terra-terra, o convencional, o cotidiano. Ela é ácida, pragmática, realista e mundana. Seu histórico de ex-namorados é aparentemente inesgotável. Cada vez que encontra um conhecido, seja na rua, seja num restaurante, pode-se apostar que ele e ela tiveram outrora um caso regrado a coisas bem menos castas que os diálogos de Celine e Jesse na maior parte de Antes do Amanhecer.



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