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O Anticristo
(Friederich Nietzsche)

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O Anticristo, de Friederich Nietzsche foi uma das últimas obras do autor, onde ele expõe em forma de aforismas seu ódio ao cristianismo. Como outro ateus antes dele, o filósofo acreditava não apenas na “morte de Deus” conforme havia exposto em outras obras, mas que o cristianismo seria a pior desgraça para a humanidade. Julgava-se a si mesmo como alguém que nascera antes do tempo, por isso escreve na abertura do livro, “somente o depois de amanhã me pertence”.
            Conforme descreveu o filósofo Will Durant, ele era um filho de Darwin, ou seja, alguém sobre quem as obras do naturalista inglês teve grande impacto. Todo o pensamento de Nietzsche a respeito do que era o ser humano, foi moldado pela evolução. Sua idéia no central no livro Assim falou Zaratustra, de que o homem ainda está em processo de evolução e por isso ele anunciava o super-homem, que talvez fosse melhor traduzido como além-homem.
            Aqui, em O anticristo, ele se aprofunda no que seria o grande conflito entre o seu pensamento e o ensino do Novo Testamento – a compaixão. O que é bom? Tudo o que eleve no homem o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência. Isso é bem diferente do ama o teu próximo como a ti mesmo, dos evangelhos. Para esse neto e filhos de pastores, o cristianismo representava fraqueza e deveria ser desprezado.
            Os débeis e os disformes devem sucumbir: a primeira regra do nosso amor ao homem. E para isso ainda devemos ajudá-los. O que é mais prejudicial do que qualquer vício? A compaixão ativa para com os deficientes e os fracos: o cristianismo. Aqui se choca o amor cristão e a estica nietzschiniana. Aqui conflita a idéia do que é o homem exposta pelo evolucionismo darwinista e o que é o homem dentro da cultura judaico-cristã. Nas próprias palavras do filólogo alemão, A compaixão choca-se de frente com a lei da evolução, que é a lei da seleção. Se é verdade que os mais fracos devem morrer para que haja um aperfeiçoamento da espécie, ajudar os inferiores é prejudicar essa lei, é conservar o débil.
            Essa filosofia, transformada em política, governou o Terceiro Reich. Os resultados foram os campos de concentração, a eutanásia e a eliminação dos doentes mentais. Ele acreditava piamente na seleção natural, como uma lei biológica imutável e benéfica. O homem não era nada mais que o melhor dos animais, por sua vontade, por sua força. Não derivava de nenhum Deus, mas era o ponto mais alto da evolução que ainda não havia terminado seu trabalho. Não derivamos mais o homem do “espírito”, da “divindade”, colocamo-lo de volta entre os animais. Consideramo-lo o animal mais forte, porque mais astuto...
            O ódio de Nietzsche ao cristianismo não é fruto de reflexão madura e ponderada. Parece resultado de traumas infanto-juvenis e alguns deles sugerem conotação sexual, como uma abstenção forçada que lhe teria prejudicado enormemente. Não parece uma atividade natural. Em O anticristo ele coloca toda a sua capacidade de pensamento para tentar minar o valor do cristianismo. Alguns de seus ataques, perdem completamente os traços argumentativos e se transformam em ataques gratuitos, dignos de um satanista enfurecido.
      O livro faz ataques também aos judeus, a Paulo como um dos grandes pensadores do cristianismo, embora seja possível perceber que ao próprio Jesus, a quem havia chamado de “pregador do povinho” em seu Zaratustra, ele não ousou tocar. Ele escreveu que somente a prática cristã, uma vida como a Dele [Jesus], que morreu na cruz, é cristã... (Aforismo 39). Vindo de Nietzsche, foi um elogio à pessoa de Jesus.
No final do livro ele faz sua nota mais contundente:
 
Guerra moral contra o vicio: o vicio e o cristianismo
(...)
Segunda proposição: Toda participação a um serviço religioso e um atentado a moralidade publica. Deve-se agir com mais rigor contra os protestantes do que contra católicos (...)
(...)
Terceira proposição: O solo amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser destruído pedra por pedra, tornando-se o lugar mais infame da terra, o terror de toda posteridade. Deve-se criar cobras venenosas nesse lugar.
(...)
Sexta  Proposição: Deve-se chamar a Sagrada Historia pelo nome que ela merece, de historia maldita. Deve-se usar as palavras Deus, terra da promissão, redentor e santos, como xingamento, como apelido de criminosos
 
(...)
 
Depois disso ele assina                                    
 
"O ANTICRISTO"
 
            Na parte superior deste desfecho ele coloca a data, que, conforme exposto, tem pretensão de ser mais do que mera formalidade cronológica:
 
Com data do dia da salvação, primeiro dia do Ano Um (em 30 de setembro de 1888, pelo falso calendário [isto é, o calendário cristão])
 
            Acreditava que no futuro a história seria dividida por antes de Nietzsche e depois de Nietzsche.
            A grande ironia desse livro e da vida que o cerca, foi o fato do autor ter escrito nele: a fé não move montanhas (na verdade, coloca montanhas onde não há nenhuma): um passeio furtivo por um manicômio explica muita coisa sobre isso. Cerca de três meses após seu término, exatamente em nove de janeiro de 1889, ele foi internado em uma clínica para doentes mentais. Durante dez anos foi cuidado pela mãe e depois pela irmã. Morreu Mem 25 de agosto de 1900. Como escreveu Will Durant, parodiando o que o próprio Nietzsche escreveu sobre Jesus: Se ele tivesse vivido um pouco mais, teria se arrependido do que disse.



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