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Gabriel Garcia Márquez e Fidel Castro, Os segredos de uma amizade
(Ángel Esteban e Stéphanie Panichelli)

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É a história da amizade entre duas das figuras mais destacadas da América Latina no séculoXX: Fidel Castro e Gabriel Garcia Márquez.
A primeira vez que o destino os fez cruzarem-se o facto passou-lhes despercebido. Foi em Bogotá, 1948. Estudantes de Direito, tinham 21 anos quando Jorge Gaitán foi assassinado naquele 9/Abril.
Porém, terá sido Nicolás Guillén que em 1955 pela primeira vez falou de Fidel a Gabo, dizendo-lhe que “um jovem semi-louco tentava derrubar o regime de Fulgêncio Batista”.
Em Jan/1959, Gabo visita Cuba. Decorre a “Operação Verdade” e pela primeira vez fala fugazmente com Fidel no aeroporto de Camaguey. No entanto, já anteriormente tinha escrito artigos apreciando positivamente a actividade do “comandante”: em 1957 “Cuando eu era feliz e indocumentado”; 1958 “Pedro Infante se va, Baptista se queda” e “Mi hermano Fidel”. Após a vitória dos revolucionários, Ricardo Masetti aceita uma proposta de Che Guevara e funda a agência noticiosa cubana Prensa Latina (Prela), que posteriormente abre uma sucursal na Colômbia sob a direcção de Apuleyo Mendonza, sendo Garcia Márquez redactor, função que em meados de 1960 lhe proporcionará não só nova e mais alargada estada em Cuba, mas também alguns encontros com Fidel.
Com o avolumar da influência soviética na ilha, um grupo sectário comunista vai-se apoderando do controlo de alguns segmentos da sociedade cubana. Anibal Escalante cria um clima de tal hostilidade na Prela, que acaba por levar à demissão do grupo de jornalistas fundadores. Gabo está nesse grupo e abandona Cuba, rumo ao México, afastando-se do contacto com a revolução. Para trás deixa uma imagem conhecida mas pouco querida que, no dizer dos autores, “lhe deixa as portas e os portos fechados e selados...”.
Com a publicação de “Cem anos de solidão”, Gabo entra em rota ascencional e vai conhecer uma invulgar projecção internacional. A partir desse momento passa não só a desfrutar de uma situação económica mais desafogada, mas também da possibilidade de movimentar-se agilmente no complexo tabuleiro do xadrês político latino-americano.
1968 será um ano “agitado”. Em Cuba os conflitos entre intelectuais e políticos agudizam-se atingindo um ponto alto com o início do processo do “Caso Padilla”. Internacionalmente: agravam-se os acontecimentos no Vietname; iniciam-se os movimentos estudantis que conduzirão as universidades a uma crise geral; os tanques do Pacto de Varsóvia invadem a Checoslováquia, facto que contrariamente ao que todos esperam, vai merecer a aprovação de Fidel Castro. Gabo, cuja tomada de posição relativamente ao polémico caso Padilla terá sido um tanto dúbia, coagido a situar-se politicamente no que se refere à revolução cubana e quanto à invasão afirmará: “ para mim foi como se o mundo me caísse em cima”.
Será preciso passarem alguns anos antes que a relação de amizade profunda desponte entre os dois. Entretanto a tomada de posição em defesa de Salvador Allende -primeiro líder radical de esquerda a ganhar eleições na América Latina- condenando o golpe militar que em 11/Set/1973 leva Pinochet ao poder no Chile e a sua participação na revista Alternativa, fundada na Colômbia em 1974 ano em que publica “Chile, el golpe y los gringos” criticando acutilantemente o bloqueio imposto áquele país pelos EUA, referindo em termos elogiosos a ajuda prestada por Cuba, tornam destacados os seus activismo político e comprometimento de sempre com a esquerda latino-americana.
Em Maio/1975 Gabo publica “Outono do patriarca” e regressa a Cuba, onde o “quinquénio cinzento” está ultrapassado, mas agora como o homem que em seis anos se convertera no mais influente político latino-americano sem-pasta. Pouco tempo depois de ter estabelecido os seus interesses na ilha e um relacionamento mais frequente com Fidel, ascende a um estatuto que a quase nenhum cubano foi consentido após a vitória da revolução.
Numa série de artigos jornalísticos sobre a ilha, “Cuba de cabo a rabo”, onde critica violentamente o bloqueio norte-americano, marca definitivamente a sua posição de apoio politico à revolução cubana e a admiração por Fidel que passa a dispensar-lhe mais atenção. É o colombiano tentando aproximar-se do poder, o que consegue definitivamente em 1977 com a publicação de um artigo sobre a intervenção militar cubana em Angola: “Operación Carlota”. Estranhamente não menciona o mais destacado general envolvido naquela operação, que posteriormente será fuzilado: Arnaldo Ochoa (13/Jul/1989. Caso Ochoa-De la Guardia). No dia seguinte a esta ocorrência, Garcia Marquez desempenhando o papel de embaixador oficioso de Fidel, desloca-se a França encontrando-se com Mitterrand a quem explica e justifica as execuções.
Aliás, já noutras ocasiões terá desempenhado missões semelhantes. Encontrou-se com Clington servindo de mediador, entre Cuba e EUA, de assuntos tão importantes como o levantamento do embargo ou a crise das jangadas de exilados.
Logo após a obtenção do prémio Nobel da literatua (1982) proposto pela França (Mitterrand), pela Colombia (Betancur) e por Cuba F.Castro, que já anteriormente permitia a Gabo o acesso directo a seu telefone privado, presenteia-o com uma explêndida mansão em Siboney, bairro dos Beverly Hills de Havana e um carro Mercedes Benz...
Embora não tenham perdurado as amizades históricas a Fidel, a de Gabo, que um dia terá declarado não voltar a Cuba se sobreviver a Castro, vai-se ampliando com o passar dos anos...



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