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CANTIGAS MEDIEVAIS
COMPARAÇÃO COM A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Essa lírica, exemplificada nas canções de amor e de amigo e nas canções de escárnio e maldizer permaneceu na poesia e na música brasileiras.
Ao longo do tempo essas cantigas foram sendo modificadas, entretanto, os aspectos referentes à sua origem foram preservados, a saber:
Poesia composta para ser cantada ao som da lira, em que o texto poético mantém a intersecção com o texto musical, uma regularidade métrica e rítmica, nas construções estróficas em sextilhas, em décimas, e nos versos emparelhados.
Para o trovador provençal, o amor equivalia a um princípio e, embora inatingível, não espera recompensas. As canções são classificadas de acordo com a temática e a posição assumida pelo eu lírico, em relação à pessoa amada. Se a voz manifestada representar a voz feminina, será uma cantiga de amigo, ainda que o autor da cantiga seja um homem. Na cantiga de amigo, ou de namorado, conforme o galego-português, a mulher dialoga e faz confissões à mãe, a uma irmã ou aos elementos da natureza. Reclama da saudade e da longa espera pelo amado (muitas vezes em combate na causa “santa” das Cruzadas)
Essa cantiga que tem inspiração na vida campestre e na lida do homem comum é composta em uma estrutura mais simples do que a cantiga de amor. Apóia-se em estrofes pequenas e versos curtos, dispostos em paralelismos.
Podemos observar, em algumas canções de Chico Buarque de Holanda, a presença do eu lírico feminino, as dores do amor expressas em figuras do discurso amoroso da ausência, do relacionamento amoroso que se rompe.
Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

Em Com Açúcar, Com Afeto (Chico Buarque) observamos o Chico Buarque trovador e contemporâneo, que assume uma postura feminia, declarando seu amor.
Com açúcar, com afeto
fiz seu doce predileto
pra você parar em casa
qual o quê
com seu terno mais bonito
você sai e não acredito
quando diz que não se atrasa

Na música “Sozinho”, de Peninha, os elementos da cantiga de amigo são incorporados no modo como o eu lírico se dirige à pessoa amada distante, embora aqui os papéis estejam inversos: o eu poético que se ressente da solidão não é mulher, e sim o homem. A voz masculina já não se manifesta cheia de cerimônias como na cantiga de amor. E a impossibilidade de realização amorosa se dá pela ausência da musa e não por proibições de classe ou pela condição adulterina do amor imposta pelo sacramento matrimonial.

Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus desejos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
(...)

O tema da ausência do ser amado é somado à solidão confessada pelo eu poético “ao silêncio da noite”, que figura como mensageiro da lamentação magoada e indagativa do eu lírico: “Por que você me esquece e some?” (...) Fala que me ama / Só que é da boca pra fora / (...) Onde está você agora?” . Aqui não há a sublimação do desejo, mas indica um amor já vivido, um amor possível.



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