O Clima Anda Louco!
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O Clima Anda Louco
Ninguém mais duvida que o clima anda mais louco que motorista de ônibus urbano na hora do pico. Aqui em Goiás, ponto central do Brasil, faz tanto calor durante o ano que, quando nos abate uma frente fria como esta, congelando os termômetros na casa do 15, quando a gente sempre passa fácil dos 34, saem do fundo dos baús, e armários, casacos cheirando a moribundo.
Temos nas ruas uma profusão de cores. Em uma ocasião dessas, em um passado distante, deparei com um amigo vestindo um casaco preto tendo desenhado nas costas um garboso pingüim:
- De onde vem esse casaco?
- Sei lá. Não tinha outro.
Descobriu depois que era de um tio que viajara para o Canadá e que o ganhara em um bingo beneficente. Também pudera: duvido que alguém em sã consciência pagasse por um casaco como aquele. Valeu-lhe um apelido que durará até a morte, e além, se além houver.
Os repórteres, sempre previsíveis, saem às ruas à cata de transeuntes para falar, justamente, do frio que rachou os lábios dos goianos. As perguntas são sempre as mesmas:
- O que o Senhor(a) está achando do frio? - (Dãããm...)
- Tá muito frio, né? – (Goiano gosta de responder pergunta com pergunta. O ¨né¨ é de uso comum, podendo ser substituído pelo ¨pois é¨ que significa o mesmo, porém com uma continuidade metafísica que paira no ar...)
Destaca-se que temos os pés já rachados devido à baixa umidade que nos marca durante quase seis meses durante o ano. A global Glória Pires, que nos encanta dando morada em fazenda, disse em uma entrevista que costuma usar quilos de hidratante. Quem vier a nós verá que é verdade. Ou isso ou se racha todo.
Sendo gente quente e tropical, morando sob o paralelo 13, estamos condenados a nunca construir bonecos de neve, e caso isso se dê por aqui restará o testemunho de que o tempo não é mais o mesmo, e nem o mundo, e que algo deve ser feito logo, pois se aproxima a data cabalística de 2012 quando tudo deverá acabar.
A propósito, o Rio de Janeiro já começou a testemunhar o subir das águas, ou o descer da lama de suas encostas habitadas por toda aquela gente em malabarismos que nos custa compreender. Por que deixam as autoridades? Cada terra, atendendo a uma profecia, guarda as suas belezas naturais arrastando em proporção o ônus de suas mazelas. Ficamos por cá com nossas planícies a sumir de vista, com os ventos que nos trincam, com o sol que nos torra e, de vez em vez, com um friozinho que nos dá um ar londrino...
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(Leitura faz bem à Saúde!)
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