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Ensaio sobre Cegueira: Genialidade e Crítica social
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O filme claro e inquietante aborda justamente a sociedade e sua situação política e moral. Mostra as carências, as necessidades e a pior cegueira que pode existir: a cegueira social, onde todos enxergam somente o que lhes convém. Sem demagogias, mostra como somos todos iguais em matéria, como somos suscetíveis, frágeis e responsáveis por nossos atos. Ao surto da cegueira, podemos ver o isolamento realizado pelo Estado àqueles que são julgados “diferentes”, que são julgados anormais, incapazes de convives em sociedade. Podemos aproximar esta situação à nossa sociedade, excludente com aqueles que não estão de acordo com os padrões estabelecidos pela própria sociedade em que estão inseridos tais sujeitos. A cegueira caracteriza então a negação das qualidades morais do sujeito, vindo a ser relevante apenas o que faz, o que veste e o que parece. Em dado momento, vida em sociedade desses “excluídos”, que aos poucos reaprendem a viver, com a ajuda de seus companheiros de reclusão é bruscamente reestruturada, quando chegam no abrigo, novos “excluídos”, que não se conformando com a situação, tomam atitudes agressivas, se apossam de toda a comida, que não era muita, enviada pelo governo através de pessoas especializadas. Logo após, roubam os pertences de todos que já ali estavam ameaçando não distribuir a comida, e quando não havia mais nada para roubar, exigiram as mulheres, para realização de desejos sexuais. Estas atitudes podem caracterizar as ditaduras, regimes autoritários, que não levam em conta as necessidades básicas, os direitos e a situação das pessoas e da sociedade. O filme retrata a tentativa de manter a dignidade que ainda os resta, sem enxergar o mundo a sua volta, vivendo em meio ao lixo, a desumanização, posto que passam a viver como animais. Os cegos do filme, passam a ver somente uma luz branca, que seria o brilho branco que ilumina as percepções das personagens, sendo amo mesmo tempo um registro da sobrevivência corporal dos grupos como do emocional e da dignidade que tentam manter. Devemos então não só olhar nosso próximo, mas aprender a percebê-lo. Só dessa forma o homem se humaniza novamente.



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