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O conceito de sujeito
(Pedro Eiras)

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O capítulo O conceito de sujeito na obra  Esquecer Fausto. A fragmentação do sujeito em Raul Brandão, Fernando Pessoa, Herberto Helder e Maria Gabriela Llansol de Pedro Eiras, tendo como subtítulo O sujeito em busca do absoluto e afirma que este estudo não é sobre Fausto,  mas sobre a decadência e o esquecimento de um modelo de sujeito em busca de uma experiência absoluta do mundo.
No texto, a epígrafe pretende propor a criação goethiana de Fausto como metáfora de uma condição idealizada do sujeito nos séculos XIX e XX.
Evoca-se como primeiro avatar deste mito o filantropo Prometeu enquanto metáfora mitológica capaz de explicar o funcionamento dos tempos futuros e que sendo ainda divino, o Fausto pertence inteira e tragicamente à humanidade. Logo, a pretensão do estudo é descrever o sujeito enquanto entidade humana que persegue, ou cria, determinado projeto teleológico de futuro.
A criação renascentista do mito de Fausto, a partir de Jorge Fausto, mago alemão, que é um anit-herói e que só pode ser resgatado pelo regresso á religião.
Na tragédia de Marlowe  penaliza o indivíduo emergente e Fausto é condenado apesar do arrependimento. No Fausto de Goethe  o  individualista torna-se modelo das aspirações do homem romãntico. O mito evolui e encarna o desejo de superação da humanidade.
Para Nietzsche o mito de Fausto reatualiza  o de Sócrates. Assim, esse proto-santo vence Mefistófeles e pretende constituir-se como sujeito de uma vida ideal, alienando a sua alma pelo pacto, para se confirmar como sujeito de clarividência ilimitada.
Hegel tinha definido na Estética a necessidade de reconhecer a negatividade ou a finitude no conhecimento do absoluto. Logo, o Fausto goethiano parece procurar uma forma de totalidade positiva sem admitir a finitude e a negatividade que a fundam.
Jonathan Culler sistematiza as definições do “eu”, mas sua abordagem, hoje no campo dos cultural studies, não dá conta da relação entre sujeito e “eu”, nem da formação do sujeito ou do “eu” perante o outro numa relação intersubjetiva.
No segundo tópico ou epígrafe: O sujeito, criação do texto, o autor diz que estudará o sujeito enquanto entidade que enuncia e se auto-descreve através do texto. Este sujeito será um “eu” definindo-se a partir de uma rede de deíticos e participando na diegese. O sujeito é produto do texto, tal qual como a alteridade do outro que surge no endereçamento verbal do “eu”.
A teoria da literatura no século XIX lê o texto como expressão da subjetividade do autor empírico, o autor, assim como Kibédi Varga, considera que a verdade da”intenção do autor” nunca podem ser verificadas.
Considerando que o texto literário não pode ser avaliado nos paradigmas de expressão nem de verdade/falsidade, conforme Frege. Paul de Man, escreve que a literatura é ficção não porque se recuse reconhecer a realidade, mas porque é certo que a linguagem não funcione de acordo com princípios que são os ou como os do mundo fenomenal.
Robert Scholes, numa crítica à leitura de Derrida, propõe a literatura como o esforço de compreender e de incorporar. Boris Eikhenbaum criticando a leitura psicológica em 1918 afirmava que adotada a proposição fundamental, nem uma frase da obra literária pode ser uma expressão direta dos sentimentos do autor.
Em meados do século XX Wimsatt e Monroe consideram n’ “A falácia Intencional” que a intenção do autor não é acessível como um modelo para julgar uma obra de arte e sugerem que o leitor não deve confiar nas pretensas revelações do autor, porque o que interessa é compreender o funcionamento do texto como sistema verbal.
Renunciar ao autor empírico não impede de sistematizar os diferentes sujeitos do texto literário, nem inferir dos biografemas deste autor. O texto é a sobreposição de enunciações por diversos sujeitos como pretendia Bakhtine ao salientar o funcionamento dialógico da escrita.
É o estruturalismo que denuncia a incapacidade da psicanálise para construir uma estética, uma vez que em Freud o sujeito nunca é efeito do texto, existe antes do texto, conforme Baudry. Este encontra em Freud uma obsessão pela representação: a obra remeteria para um sentido fora dela, transformando-se num epifenômeno da vida, que conforme Merquior, o erro do biografismo é esquecer a obra como tal.
Contra essa leitura do texto como sintoma, o estruturalismo pensa a escrita na sua autotelia e enquanto sistema e interrogação de sistemas. Surgindo daí a possibilidade  de apagamento do sujeito na conhecida tese de Barthes d’ “A morte do autor” que conforme Wimsatt e Beardsley exige uma nova leitura.
Enquanto Barthes denuncia a presença do autor empírico como uma ilusão da burguesia europeia e moderna, Foucault em “O que é um autor?” descreve a figura do autor como ícone para determinados (usos de)  textos.
Contra o que afirma Foucault, Blanchot considera que o sujeito não desaparece: é a sua unidade que constitui o problema.
 Barthes, partindo de Beneviste enfatiza que os deíticos não possuem uma propriedade fixa, e na senda de Mallarmé, afirma que no texto é a linguagem que fala e não o autor. Ricoeur lembra que “eu” pode ser entendido como shifter já que designa quem a utilizar em dado momento e local.
Eco descreve a criação de um Autor Modelo pelo leitor; simetricamente, o texto pode criar o seu leitor Modelo.
Estes são os aspectos abordados no textos, dentre outros que este espaço de divulgação não comporta.



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