O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência
(Paul Gilroy)
O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência (Trad. C. K. Moreira. São Paulo: Editora 34, 2001. 428 p.), de Paul Gilroy, é uma obra antológica no campo dos estudos culturais. É leitura obrigatória para quem se interessa por questões relacionadas à identidade e cultura negras. Reconhecer o mundo contemporâneo como um híbrido cultural talvez seja o objetivo geral dessa obra, que nega a insistência em teorias etnocêntricas. Para tanto, traz um pensamento renovado sobre a Modernidade, ao defini-la pelo viés da diáspora africana, o que desafia em parte alguns dos pressupostos dos Estudos Culturais. Desse modo, para Gilroy, há uma cultura que não é exatamente africana, americana, caribenha ou britânica, mas todas elas simultaneamente, o que se constitui no que ele chama de “Atlântico Negro”, uma contracultura que põe em crise as noções simplistas de etnia ou nacionalidade. Também aborda os discursos da música popular negra do século XIX até a década de 80 do século XX (a publicação original em inglês se deu em 1993), com o hip-hop e o rap. Apesar de ser questionável o fato de não incluir explicitamente a costa brasileira (pelo menos até o sul da Bahia) em seu Atlântico Negro, é uma obra em sintonia com o ethos contemporâneo do encontro e das trocas culturais.
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