A REVOLUÇÃO DE 1930: História e Historiografia
(Boris Fausto)
INTRODUÇÃO
Este livro constituiu tese de doutoramento do autor na Universidade de São Paulo. Está dividido em três partes que corresponde aos três problemas fundamentais para a compreensão do momento estudado:
1) Burguesia Industrial Revolução de 1930;
2) Revolução de 1930 e a Classe Média;
3) A Derrubada das Oligarquias.
DESENVOLVIMENTO
Na primeira parte do seu livro, rejeitando as teses dualistas, o autor vê a CLASSE INDUSTRIAL como basicamente dependente do setor exportador, não obstante sua capacidade de atuação política na defesa de interesses específicos de grupo. Esse aspecto se reflete no apoio prestado pela indústria à candidatura de Júlio Prestes, bem como na decidida atuação no movimento constitucionalista de 1932. O autor mostra que a classe industrial brasileira, longe de aspirar
mudanças estruturais que trouxessem a ampliação do mercado nacional estavam presas a uma mentalidade conservadora. Temia a superprodução devido ao desejo de manter lucros a níveis estáveis, adequando-se assim às dimensões de nosso estreito mercado interno.
Quanto ao papel da CLASSE MÉDIAS URBANAS no processo revolucionário de 1930, está consciente da fluidez do objeto estudado e da enorme dificuldade de captar a atuação e a ideologia dessa classe, chegando mesmo a colocar em dúvida a possibilidade de considerar uma classe média para a fase de Floriano, para a Campanha Civilista e outra para o movimento revolucionário de 1930. Por outro lado, desvincula os elementos da Forças Armadas da classe média ao negar a possibilidade de identificação absoluta entre o tenentismo e a classe média. Afirma ter o movimento dos tenentes um caráter substitutivo do povo efetivado através de quarteladas, sem qualquer vínculo com o meio civil, embora, reconheça que houvesse ampla simpatia popular pelos tenentes. Conclui que o movimento revolucionário de 1930 não pode ser considerado como um movimento revolucionário da classe média, porque não teve uma atuação direta no processo revolucionário, tampouco auferiu benefícios do movimento.
Na ultima parte do livro, A DERRUBADA DAS OLIGARQUIAS, discute o verdadeiro caráter da mudança operada no quadro brasileiro pela Revolução de 1930, gerada pela crise política dos anos vinte que antecedeu a crise econômica, vulnerável desde a Primeira Guerra. A década de vinte, marcada pelo crescente inconformismo da classe média, das dissidências oligárquicas e pela agitação do tenentismo vai resultar com o colapso da hegemonia do setor oligárquico cafeeiro.
CONCLUSÂO
A Revolução de 1930, embora trouxesse maior centralização e intervencionismo estatal, não acarretou a substituição imediata e exclusiva de uma classe política no país, como não modificou no campo econômico as relações de produção.
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