Resumo de O BODE NA MAÇONARIA -

Lembro-me de ter lido parte desse texto em dias de Castellani vivo, e por consulta, o mesmo afirmou não ser de sua autoria. Senti-me, na época, até constrangido em fazer tal consulta, conhecendo o posicionamento dele, pesquisador que era, em somente escrever aquilo que poderia comprovar por documentos ou por obras de escritores fidedignos. Esta história de Saulo e outras ligadas, inclusive a Pitágoras, que rolam na web, são bem construídas e interessantes, entretanto não convincentes, para não dizer falsas.

Segue para avaliação o que diz Castellani. Os que possuírem os livros podem comprovar.

(Dicionário Etimológico Maçônico, página 80 – José Castellani – Editora A Trolha).

Bode-Preto – Substantivo masculino. É uma expressão popular brasileira, para designar o diabo. Houve época em que setores retrógrados da igreja, explorando a ignorância e a credulidade e de grande parcela do povo, transmitiam aos seus fiéis, a falsa e malévola afirmação que a Maçonaria adorava o bode-preto, personificação demoníaca; graças a isso, em muitas localidades brasileiras, dominadas pelo clero, muitas pessoas de poucas luzes, costumavam persignar-se (fazer o sinal da cruz), ao passar, obrigatoriamente, pelas imediações de um templo maçônico, local que procuravam evitar e pelo qual só passavam por absoluta necessidade; os Maçons conhecidos nessas localidades, eram vistos como bruxos, como membros de falanges demoníacas sectárias do bode-preto, evidentemente evitados e marginalizados pelas “ovelhas” do rebanho, preocupadas em ir para o céu e não provocar as iras do bom pároco local. Ironizando tal situação de ignorância, atraso e sectarismo, os maçons passaram, jocosamente, a assumir a alcunha de “bode”, ou “bode-preto”, para si e para seus trabalhos de Loja, prática que acabaria se tornando enraizada e tradicional.

(Consultório Maçônico Vol. VIII, página 46 – José Castellani – Editora A Trolha)

O Bode Preto -- Particularmente, sou contra a associação da figura do bode preto com a Maçonaria, pois, popularmente, em nosso País, o bode preto é o diabo; e nós não precisamos de assimilações desse tipo, que só servem, perante uma parcela menos esclarecida da população, para justificar os ataques do clero à Maçonaria. Todavia, não existe, na legislação das Obediências brasileiras, nada que proíba essa condenável prática e que preveja, em função disso, punições aos infratores. Deveria existir.

(Consultório Maçônico Vol. VIII, página 113 – José Castellani – Editora A Trolha)

Na realidade, não são os profanos que se referem aos Maçoms; como "bodes", mas, sim, os próprios Maçons, numa autogozação de muito mau gosto. Como a figura do bode surgiu em Maçonaria, ainda é um assunto em discussão, embora tenham aparecido, nos últimos tempos, teorias absolutamente inverossímeis.
Esse costume, diga-se a bem da verdade, não é generalizado, existindo Obediências, no Exterior, que jamais pensaram na associação do bode - símbolo dos atributos físicos e dos instintos animais - com os Maçons. No Brasil, particularmente, há mais a associação com o "bode preto", que é como, em muitas regiões do país, é designado o diabo. Graças aos antigos ataques - a partir do último quartel do século XIX - de um clero brasileiro despreparado, supersticioso e de poucas luzes, em sua maioria, a prática maçônica foi associada a rituais satânicos, onde a figura do bode preto seria adorada.
Claro que a adoção da figura pelos próprios Maçons, como referência, é uma atitude imatura e autodestrutiva que deveria ser combatida, mas que dificilmente será, pois até circulam, em nosso meio, representações de um bode preto de cartola e avental, as quais são mostradas a profanos, como se fossem apenas uma piada.

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