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Eles não usam Black-Tie
(Gianfrancesco Guarnieri)

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Primeira peça teatral escrita por Gianfrancesco Guarnieri, “Eles não usam Black-Tie” é o retrato da classe operária brasileira no início dos anos 50. 
Escrita em 1955, só foi apresentada pela primeira vez em 22 de fevereiro de 1958, no Teatro de Arena de São Paulo.O jovem autor consegue mostrar através de seu trabalho a vida árdua dos operários que habitam a favela ao mesmo tempo em que expõe o lado positivo dessas pessoas, a alegria de viver, a solidariedade, a união, valores nem sempre colocados em evidência por outras classes sociais.
O primeiro ato apresenta as personagens, suas características físicas e psicológicas. Apresenta também o ambiente onde elas convivem e os acontecimentos que irão interferir em sua dinâmica (a gravidez de Maria, a possibilidade de uma greve na fábrica). 
 Sobre o ambiente não há muito que falar: o morro com características comuns de todos os outros morros: barracos, pobreza e pessoas simples, com baixa instrução e nenhuma perspectiva de melhorar suas condições. A fábrica também representa o ganha-pão de milhões de famílias brasileiras: o trabalho pesado, explorado, pouco remunerado e pouco reconhecido.
Sobre as personagens, no entanto, há muitos detalhes a serem explorados:
Otávio representa na peça o operário influenciado pelos discursos comunistas, de temperamento explosivo, sempre disposto a organizar greves, piquetes. Acredita que “a culpa de todos os males é do capitalismo e do pensamento burguês”. Já foi preso, mas ainda assim defende suas idéias com garra, demonstrando que o povo, ainda que mal-estudado, mal-nutrido, vivendo em condições quase miseráveis, tem convicções e esperanças de melhorar por suas próprias lutas.
Romana é a esposa de Otávio, é uma personagem onde se podem identificar várias facetas: Dona de casa trabalhadora acorda de madrugada para preparar a marmita do marido e dos filhos, lava roupas para fora a fim de garantir um dinheiro a mais. É a mãe que se preocupa com a felicidade dos filhos, com o bem-estar do marido, sente falta da filha que faleceu, é solidária aos vizinhos, preocupa-se com eles, embora demonstre na maioria de suas falas a crueza da realidade, como por exemplo, quando se referindo à mãe de Maria, diz que esta “já está no fim mesmo”, enquanto as maiorias das personagens tentam demonstrar esperanças.  Ou quando recebe a notícia de que uma vizinha está em trabalho de parto e demonstra o pessimismo de trazer uma nova vida a esse mundo, dizendo ser “que nem japonês: quando alguém morre faz festa e quando nasce desata a chorar”. É a mulher lutadora, disposta a defender seus entes, vai à delegacia tirar Otávio da cadeia quando ele é preso como agitador durante o piquete na fábrica. É acima de tudo humana, escuta a confissão envergonhada de Maria, grávida de Tião, e demonstra felicidade, apesar do comentário anterior sobre os filhos da vizinha, tem vontade de contar ao marido que ele será avô, mas respeita a vontade da nora e não fala nada.
Chiquinho é o filho mais novo, o garotão que ainda está “conhecendo” a vida. Trabalha no armazém, sonha entrar para a fábrica (demonstração da falta de oportunidades, repetição da vida de outros de sua comunidade). Namora Terezinha. Está em todos os aspectos vivendo suas primeiras experiências adultas: primeiro emprego, primeira namorada. Sonha em casar-se, ainda sofre repreensões da mãe e do pai por comportamentos inesperados e inconseqüentes. Outras vezes repete as opiniões do pai, sem demonstrar, no entanto a mesma compreensão de mundo.
Tião é o filho mais velho de Otávio e Romana. Foi criado na cidade, pelos padrinhos, servindo-lhes de babá para os filhos. Apesar de não ter usufruído da boa vida dos padrinhos (mal foi matriculado na escola), conheceu-a e sonha com ela, não se adaptando à vida no morro e às greves na fábrica. Tem pensamentos opostos aos pais: não gostaria de repetir a vida do pai (operário, comunista, grevista ) e não deseja que sua namorada, Maria, repita a vida da mãe (Dona de casa que trabalha para auxiliar o orçamento doméstico). Esses pensamentos levam Tião a "furar"  a greve, sendo por isso considerado traidor e expluso de casa pelo pai, além de ser desprezado pelos de sua comunidade.
Maria é a namorada de Tião, está grávida, gosta da vida no morro, é através dela que o dramaturgo demonstra os valores mais positivos dos habitantes do morro. A personagem  empresta a voz às moças jovens, sonhadoras, que amam sua comunidade, não que não deseje melhorar de vida. Maria deseja melhorar de vida se todos os que estão à sua volta puderem fazer o mesmo, caso isso não seja possível, ela prefere permanecer no único mundo que conhece: a favela, onde sobram necessidades, mas também sobram lealdade, alegria e solidariedade. Maria é diplomada em costura e trabalha como costureira. Quando Tião é expulso do morro, nega-se a ir junto e pede que ele volte quando "acreditar em sua gente".
Terezinha é a namorada de Chiquinho. Assim como ele, é ainda uma menina vivendo suas primeiras experiências. É uma personagem dinâmica, chega e saí de cena sempre com uma notícia, ou então está ao lado de Chiquinho, concordando em tudo com ele, mesmo que seja para depois discordar, mas sem deixar ninguém saber disso.Juvêncio é um habitante do morro que empresta musicalidade à obra, com seu samba “nois não usa as blaque tais”.Compõe sambas e os canta pelas ruas com sua viola.Verá seu samba fazer sucesso com o nome de outra pessoa.



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