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O Chá das Cinco
(Dr. Adérito Tavares)

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Durante mais de três anos, o inglês Charles Bruce, antigo comandante de canhoneiro no Extremo Oriente, explorou as florestas húmidas do Assam, no Nordeste da Índia, com a missão de localizar uma variedade de chá, que segundo informações veiculadas por exploradores anteriores, crescia espontaneamente na região. Embora alguns plantadores tivessem já cultivado chá em várias províncias indianas a partir de sementes importadas da China, o governador-geral da Índia, Lord William Bentinck, que nomeara uma comissão do chá em 1834, pretendia lançar uma variedade de chá verdadeiramente indiana.
Para o ajudarem na sua empresa, Bruce, cujo irmão, o Botânico e major Robert Bruce, já havia relatado que o chá crescia no Assam em estado selvagem, contratou dois especialistas chineses em chá. Os três homens encontraram as manchas de chá selvagem do Assam, em árvores que cresciam até 12m de altura. Com o auxílio de trabalhadores nativos, queimavam e desbastaram a selva em rede, criando assim uma espécie de “plantação” por eliminação.
Deixavam as folhas murchar ao sol, enrolavam-nas à mão e secavam-nas sobre fogueiras de carvão, onde se transformavam de verdes em preto-acastanhadas. Uma vez prontas, as folhas eram transportadas por carregadores nativos até à cidade de Nazira, junto do rio Bramaputra, e daí, por via fluvial até Calcutá.
Em 1838, os esforços de Bruce foram recompensados quando a primeira remessa de chá indiano partiu para Inglaterra a bordo do veleiro Calcutta. Em Janeiro seguinte, a chegada do chá a Londres, provocou enorme excitação. Uma das primeiras empresas a comercializar o “novo” chá foi a Twinings, que já se dedicava à importação de café, chocolate, cacau e chá da China desde o começo do século XVIII. Os responsáveis da companhia intuíram que uma boa xícara de chá era um elemento básico dos hábitos de vida dos britânicos.
O Governo Britânico lançou também uma campanha de recrutamento de directores de plantação para a recém-fundada Assam Company. No Verão de 1839, os primeiros plantadores partiram para Calcutá, onde chegaram 3 meses depois. Seguiram depois de vapor para o Bramaputra, que subiram até Nazira, onde desembarcaram ao fim de 3 semanas. Foram então transportados em elefantes pela selva densa e húmida até às plantações. Foram alojados em cabanas de bambu, infestadas de mosquitos, tendo como mobília as malas de viagem. Sofreram os rigores climáticos com a alternância das estações secas e das chuvas, enquanto a condimentada comida indígena causava, a muitos deles, indigestão crónica. Ficaram também expostos aos perigos da desinteria, da malária, da febre-amarela e da cólera.
Entretanto, exércitos de trabalhadores nativos limpavam o solo e lançavam as sementes à terra. As novas plantações estenderam-se até Darjeeling, nos contrafortes dos Himalaias, onde nasceu o “champanhe dos chás”, delicadamente perfumado.
Os plantadores bem sucedidos construíram bangalós revestidos de trepadeiras. Vinham á Grã-Bretanha em busca de esposa para levarem consigo. Nos clubes “Só de Brancos” bebia-se com prodigalidade. As mais elegantes actividades de lazer eram a caça e a pesca, mas o golfo e o jogo indiano do pólo eram igualmente muito populares.
Os plantadores trabalhavam e divertiam-se com a mesma garra. O pequeno-almoço servia-se cedo, logo a seguir ao nebuloso alvorecer. Começavam o dia a verificar se o pessoal já trabalhava no campo. Durante a manhã, inspeccionavam a quantidade e a qualidade do chá acabado de colher e visitavam as primitivas fábricas, onde as folhas eram tratadas por métodos mecânicos. Após um almoço ligeiro, conhecido por “fiffin“, os plantadores dormiam uma curta sesta e despachavam um considerável volume diário de papelada – facturas, contas-correntes, contractos de pessoas e cartas para o entreposto de Nazira. Ouviam ainda algumas queixas de trabalhadores acerca das condições laborais.
Ao fim de tudo, recebiam relatórios dos directores e capatazes e davam instruções quanto ao trabalho do dia seguinte.
Do êxito conseguido pelas plantações de chá indianas, justifica-se planeamento título atribuído posteriormente a Charles Alexander Bruce: “superintendente de cultura do chá”.



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