Marxismo e Filosofia da Linguagem.
(BAKHTIN; Mikhail.)
BAKHTIN E A FUNDAÇÃO DA SOCIOLINGUÍSTICA TEÓRICA: qual será a lógica da norma linguística?
Gabriel Nascimento dos Santos
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1997.
Se Bakhtin tivesse nascido na década de 60 teria encontrado a ciência linguística realmente desenvolvida, como muitos dos teóricos dessa época encontraram. Mas teria, sobretudo, liberdade para poder assinar sua obra prima, o que não teve em sua época, em plena década de 20. O russo autor de Marxismo e Filosofia da Linguagem escrevia em uma época onde a repercussão de seu arcabouço teórico poderia gerar perseguição política demasiadamente forte em sua carreira. E foi em nome de Volochínov, para evitar interpelações políticas, que seria publicado o livro fundador da Sociolinguística Teórica.
Em Marxismo e Filosofia da Linguagem o teórico pós-estruturalista aplica conceitos anteriormente abordados por Marx, Freud, entre outros à concepção de língua. De início, o conceito estruturalista saussuriano de que a linguagem é individual é colocado em xeque. Como a linguagem pode ser individual se, a partir de Freud, o ego do ser é formado a partir das convenções sociais? O ser humano construiria a linguagem fenomenologicamente sem o envolvimento com o contexto social? A partir desse ponto de vista Bakhtin expõe a conceituação da suprema importância do social na formação da linguagem. As relações psicossociais são formadoras do comportamento linguístico do ser humano.
Então, como definir norma em Bakhtin? Bakhtin separa a concepção normativista num grupo de análise que ele julga ser avaliador artístico da língua. Sim, para Bakhtin a Gramática Normativa avalia a língua por apreciação artística, ignorando a norma vigente nas comunidades, nos diversos estilos de linguagem. A respeito dessa tendência o teórico situa a Gramática Normativa no grupo de estudos que tentam ressuscitar as línguas mortas. A palavra, para o que é analisado teoricamente na obra, é um signo ideológico por excelência. Tudo que é falado, para tanto, é ideológico e está intrinsecamente ligado a uma função ideológica definida, a partir da visão Bakhtiniana. Entretanto, na mesma análise ele avalia que a palavra é ainda um signo neutro. Isso porque, a partir da análise feita, a palavra está ligada por uma função ideológica que pode ser aplicada a determinados contextos ideológicos.
Nessa visão nasce a completude concernente à norma linguística. A lógica da história da língua (diacronia) é a lógica dos “erros” individuais. Ele se apodera de uma estrutura normativista (“erros”) para demonstrar a importância dos “erros” na história linguística. Essa seria a lógica diacrônica precisa. No entanto, como definir uma lógica para língua. A respeito disso é dito pelo teórico sobre o perigo da confusão entre a lógica diacrônica e sincrônica. Não importa como uma palavra tenha sido escrita, entendida (enfim, praticada) em determinado momento histórico (numa determinada sincronia no tempo), a história da grafia dessa palavra não deve ser confundida, nem ditar o uso atual da palavra. Sincronia é sincronia, e diacronia é diacronia! Usar a história de uma palavra para impedir que ela seja usada desta ou daquela forma na época atual (na sincronia atual) é confundir a lógica sincrônica com a diacrônica, um atributo forte à obra dos gramáticos normativistas.
O livro Marxismo e Filosofia da Linguagem é um arcabouço teórico importante para todo pesquisador da Área de Linguística, Letras e Artes, assim como demais áreas de conhecimento das Ciências Humanas que deseja realizar um trabalho se utilizando da linguagem como matéria de pesquisa.
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