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Os Estados Unidos e os anos da Lei Seca
(Dr. Adérito Tavares)

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Em todo o território dos EUA, os apreciadores de bebidas alcoólicas fitavam lugubremente os seus copos à medida que se aproximava a meia-noite de 16 de Janeiro de 1920 e o país ia entrar na Lei Seca.
Em Nova Iorque, por exemplo, homens de luto reuniram-se no luxuoso Hotel Vanderbilt para prestar uma última homenagem ao álcool, bebendo 100 caixas do melhor champanhe. Quando bateu a meia-noite, os estabelecimentos nova-iorquinos guardaram silêncio. As pessoas, de pé e de cabeça inclinada, aguardaram o momento, às 00.01 precisas, em que entrou em vigor a 18ª Emenda à Constituição dos Eua, que proibia o fabrico, venda e o transporte de bebidas alcoólicas.
Esse momento era o culminar de um momento para ilegalizar as bebidas alcoólicas que datava do início do século XIX. O Maine adoptou a Lei Seca em 1851 e, em 1855, já mais 13 estados tinham banido as bebidas alcoólicas. No início do século XX, a ideia de proibir as bebidas alcoólicas ganhou apoios e as leis autorizavam as populações a proibir localmente o seu fabrico e consumo. Em 1920, a 18ª Emenda passou a ter força de lei, instituindo a Lei Seca a nível nacional.
O congressista pelo Minesota, Andrew J, Volstead, autor da Lei Voltead que pôs em vigor a 18ª Emenda, considerou isto uma vitória, bem como os organizações que defendiam a temperança.
A emenda fora aprovada pelo Congresso em Outubro de 1917 e ratificada pelos três quartos dos 48 estados em 16 de Janeiro de 1919 para começar a vigorar um ano depois. Contudo, já antes da aprovação desta lei os 105 milhões de cidadãos dos EUA se dividiam em duas facções: "os secos e os molhados".
Apesar da confiança manifestada pelas autoridades de que a transição para a situação "seca" decorreria sem incidentes, houve problemas logo no primeiro dia. Camiões que transportavam bebidas alcoólicas foram arrestados pelas autoridades e alguns cidadãos detidos por violação da lei. Em vão protestaram que estavam apenas a beber um cordial, já que a proibição abrangia qualquer bebida com mais de 0,5º de álcool.
Ainda mal tinham passado duas semanas desde a entrada em vigor da Lei Seca e já se contrabandeavam bebidas alcoólicas em camiões que entravam pelas extensas e mal guardadas fronteiras com o Canadá e México. Outra maneira de contornar a lei era o contrabando a partir de navios ancorados no Atlântico, fora das águas territoriais americanas. Utilizavam-se barcos de pesca e pequenas embarcações rápidas para fazer chegar grades de garrafas de rum das Índias Ocidentais a lugares recônditos da Costa Leste americana.
Alguns traziam consigo uma provisão de álcool bem dissimulada: frascos de whiskey no bolso de trás das calças, garrafas presas à barriga das pernas, e dentro de bengalas ocas. Outros destilavam em casa o seu álcool, composto essencialmente de vinho e "gim de banheira", este feito com álcool industrial destilado e bagas de zimbro. A fim de dar ao gim um pouco mais de força, juntava-se ainda álcool metílico ou um tira-nódoas.
No entanto, o álcool caseiro por muito rudimentar e pouco saboroso que fosse, não era tão perigoso como a mistela preparada pelos "moonshineers", ou destiladores ilícitos de whiskey, e pelos "alky- cookers", que destilavam as suas poções em pardieiros infestados de bichos. Centenas de pessoas cegaram ou ficaram paralíticas e outras morreram devido à ingestão de tais beberagens.
Não espanta que as fortunas conseguidas com a Lei Seca atraíssem malfeitores como Johnny Tozzio e Al "scarface" apone, cujas actividades em Chicago lhe trouxeram fama.
Os seus fornecedores eram conhecidos por "bootleggers" (bootleg significa canhão de bota), porque os primeiros contrabandistas de álcool escondiam as garrafas no canhão das botas.
Calcula-se que em 1927, o gang de Al Capone lucrava 60 milhões de dólares anuais com o álcool e 45 milhões com as actividades associadas, como a prostituição e o jogo.
Al Capone queixava-se: " Quando eu vendo álccol isso chama-se bootlegging. quando são os meus fregueses que o servem numa bandeja de prata no Lake Share Drive, isso chama-se hospitalidade".
Em Chicago, Al Capone controlava igualmente muitos "speakeasies", ou clubes ilegais de bebedores, que surgiram por todo o país. Em 1929, só em Nova Iorque, 8000 bares que eram obrigados a vender bebidas sem álcool tornaram-se "speakeasies".
Calcula-se que os seus proprietários pagavam uns 50000 dólares por ano, na chamada "moeda de cegos", aos polícias e aos mal pagos agentes fiscalizadores da Lei Seca, alguns dos quais gozavam calmamente de uma bebida à socapa.
Apesar das acusações de corrupção e ineficiência, os agentes conseguiram resultados notáveis: apreenderam milhões de litros de cerveja, álcool e vinho ilegais e detiveram cerca de 50000transgressores por ano, o que deixou as prisões a abarrotar por todo o país.
Em 1933, os EUA, estavam cansados da Lei Seca e das ilegalidades que a acompanhavam. O Partido Democrático e o recém- eleito Presidente Franklin Delano Roosevelt sancionaram a revogação da lei.
O congresso propôs a 21ª Emenda que revogava a 18ª Emenda. No final do ano, esta proposta foi ratificada por três quartos dos estados. Alguns estados do sul mantiveram a Lei Seca até às décadas de 50 e 60. O Mississipi doi o último estado sulista a revogá-lo em 1966.



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