Os Irmãos Karamazov
(Dostoiévski)
Ateísmo em Dostoiévski
Escrito na segunda metade do século XIX, “Os Irmãos Karamazov”, um dos mais fascinantes livros da literatura mundial, de Fiódor Dostoiévski, uma obra prima, mostra as questões seculares mais profundas feitas pela humanidade: de onde viemos, quem somos, Deus existe?
Ivan Karamazov, protagonista do livro, reflete “Como Deus e a imortalidade não existe, é permitido o homem tornar-se um novo homem-deus, então ele é único no mundo a viver desta forma”. Em outros livros, como em “Os Demônios”, Kirilov pensa sobre uma forma pela qual um ateu poderia mostrar que Deus não existe. Seria provar que uma pessoa, por si só, pode decidir seu próprio destino. Neste momento, teria uma livre vontade, sendo ele mesmo Deus. Para mostrar a validade do pensamento, Kirilov suicida-se, mostrando a chave mestra de suas conjecturas.
Entretanto, a principal mensagem de Dostoiévski sobre ateísmo pode ser encontrada no destino de um jovem estudante Raskolhnikov, em “Crime e Castigo”. Neste livro, o personagem desenvolveu a doutrina do “direito ao crime”, em que todos aqueles que se sentem além das convenções tradicionais relativas ao bem e ao mal, que se percebem mais forte que os outros homens, na verdade têm “direito a tudo”, direito de eliminar aqueles que considera perigoso aos seus objetivos, porque o homem extraordinário deve, obediente aos requerimentos de seu ideal, “exceder certas barreiras onde for possível”. Raskolnikov é preso e acusado de ter cometido homicídio, mas encontra na prisão, não apenas as palavras de Deus, mas a redenção e a piedade.
O tema ateísmo, quase onipresente em suas últimas obras, reflete as contradições da sociedade russa da época, sendo utilizado em algumas passagens de maneira pejorativa e confusa: “...ateísmo, darwinismo, comunismo, sinos de moscou...ah, vocês não lembram dos sinos de moscou”. Uma lição importante das obras é que o ateísmo e seu contemporâneo Charles Darwin foram, e são ainda hoje, mal compreendidos pela sociedade ávida pelo status quo.
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