O Comércio Medieval e o Dominio dos Mares
(Dr. Adérito Tavares)
O aprendiz sentia-se intimidado pelo mercador da Liga: os colegas tinham-lhe dito que este tinha um caldeirão de prata e que tecidos sumptuosos cobriam as paredes de sua casa. Faltavam ao rapaz seis anos de aprendizagem até poder começar a subir na hierarquia da Liga Hanseática , mas talvez um dia também ele viesse a ser mercador, e membro da poderosa associação que controlava o comércio no Báltico.
O poder da Liga Hanseática, dominada pela cidade de Lübeck, em breve se tornaria lendária, mas a Liga começara modestamente.
Fora fundada no século XIII pelas prósperas corporações de Lübeck e Hamburgo, para proteger os seus mercadores e respectivos carregamentos em rotas comerciais comuns e os seus interesses económicos no Ultramar.
Os mercadores viajavam em comboio para se protegerem de bandidos e piratas, e a Liga expandiu-se até dominar as rotas comerciais nórdicas, de Londres e Bruges até Novgorod, na Rússia. As matérias-primas do oriente (madeira, abetos, cereais, peixe) eram trocadas por mercadorias como vinho e tecidos do ocidente.
Cada vez mais rica, a Liga tornava-se implacável na procura de monopólios comerciais. Os mercadores que não pertenciam à Liga eram ameaçados de morte e confisco de bens se actuassem em “território” da Liga, e impunham-se bloqueios comerciais como forma de pressão sobre governos que mostrassem relutância em ceder o controle local.
Um desses bloqueios aconteceu na Noruega, em 1284, quando os navios da Liga fecharam o porto de Bergen, a fim de impedir a entrada de mercadorias no país. A Noruega dependia de tal forma de trigo importado, que o rei, para evitar a fome, foi forçado a conceder à Liga total liberdade de comércio com isenção de impostos.
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