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O Carnê Dourado
(Doris Lessing)

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A escritora inglesa Anna Wulf, em “O Carnê Dourado” de Doris Lessing, representa a liberação feminina pós-Segunda Guerra Mundial, na verdade, é a consolidação de um árduo percurso de ideologia política e desabrochamento sexual; independência essa que gerou uma crise entre os gêneros masculino e femininos, a adesão da mulher às fileiras dos partidos políticos e a discussão acirrada, cínica e tensa do modo de vida burguês. Anna Wulf e sua amiga Molly são mulheres que viveram a Segunda Grande Guerra, o engajamento e a posterior decepção com o partido comunista, devido ás atrocidades de Joseph Stalin na União Soviética; tiveram relacionamentos amorosos atribulados (nos quais permaneceram entre o desejo de liberdade e a prisão sentimental); e deram vida a rebentos que constantemente as colocam em posição de alerta no que se refere as suas decisões.
Doris Lessing, neste romance publicado em 1962, divide a obra em capítulos: as batizadas “Mulheres Livres” (que são cinco no total) são narrações em terceira pessoa que falam do presente, no livro ocorrências do ano de 1957 (um livro sobre o que Anna viveu/sobreviveu), quando Anna Wulf encontra Molly depois de algum tempo de ausência. Um dos principais tema é Tommy, filho de Molly, e sua dificuldade em escolher algo a que se dedicar, pois está dividido entre a crença de mulheres comunistas que abominam o estilo de vida de Richard, ex-marido de Molly e pai de Tommy, e a carreira oferecida por este, capitalista de uma grande financeira imerso num círculo predatório de acumulação e consumo. Há, ainda, a frustração com o comunismo e sua repressão brutal a respeito das dissidências em relação ao partido na URSS.
Anna Wulf é escritora de uma única obra, “Fronteiras da Guerra”, um sucesso internacional, escrito durante o período que passou na África em plena Guerra e a colonização do continente pelos europeus. Porém, Anna sente uma inexplicável apatia pelo livro e posteriormente pela literatura. O que levou a tecer quatro cadernos de notas de cores distintas, cada qual com um significado e anotações singulares. O caderno negro de notas fala da época passada na África com seus companheiros comunistas, as tentativas de organizar uma sede do partido no continente refém dos  poderes político e bélico dos europeus. Conflitos internos, desentendimentos, frieza sexual, racismo, atritos em relação aos gêneros sexuais permeiam a estadia de Anna no continente. E, depois, a sua relação com à obra “Fronteiras da Guerra que, êxito literário, produtores desejavam levar para o cinema ou para a televisão e Anna resiste as intenções dos burocratas da arte comercial. O segundo caderno de notas, o vermelho, trata das memórias mais recentes de Anna; sua amizade com Molly, o romance com Michael, parcas lembranças do pai de Janet, a relação com a prole única e a sua lealdade ao Partido Comunista deteriorando-se com as notícias das atrocidades na Europa. O terceiro caderno de notas, amarelo, é intitulado “A Sombra do Terceiro” e parece se tratar de um romance no qual uma personagem, Ella, trabalha para uma revista que possui uma coluna médica (escrita por um tal Dr. West) respondendo as cartas de leitores preocupados com a saúde. Ella apaixona-se por um médico casado, Paul Tanner, com quem vive uma intensa paixão da qual não consegue desvencilhar-se mesmo após o fracasso da relação e das mentiras do amante. Anos de dor que não se cura, até Ella decidir desvendar seu passado e  a vida conjugal dos pais. O caderno azul de notas começa como um diário datado e depois se modifica para recortes de jornais sobre crimes políticos, guerras, conflitos em torno do mundo e os jogos de interesses dos poderosos.
No capítulo quarto dos cadernos de notas, as anotações se tornam diferentes, curtos; o caderno negro possui lembranças sobre Mashopi, na África e a possibilidade de um filme. O caderno vermelho contém um relato de um amigo de Anna sobre um conhecido deste, adepto das ideias de Trotsky, que sonhava ir a Moscou demonstrar os erros do Partido, seu desvirtuamento e excessiva brutalidade. O caderno amarelo camufla-se em vários contos de breve duração sobre o amor, a infidelidade, a frustração e dependência emocional. O último caderno, o azul, descreve a relação de Anna com um estadunidense, Saul Green, com quem vive uma relação de paixão, ciúme, transtorno psicológico que atinge a ambos até chegar ao caos que Anna sempre tentou evitar. O envolvimento deles é a síntese do confronto entre homens e mulheres, a dominação e a liberdade, a decepção e a esperança. Então aparece o caderno dourado de notas que Anna adquire e Saul deseja para si; ocorre uma acordo, ambos devem contribuir para a literatura do outro, apesar dos tormentos artístico e psicológico que mergulham. O caderno dourado os redime do ódio e resvala no amor, contrários que se tocam e causam dores profundas e prorrompem como saídas da decomposição da  estrutura emocional. Dois proscritos lidando com o  do passado e do bloqueio criativo.
O livro de Doris Lessing é uma próspera elucubração a respeito dos conflitos entre gêneros sexuais e na família, a psicanálise, o fim das utopias políticas e um passeio pelos paradoxos dos desejos humanos. As questões sobre a felicidade, a unidade, a criatividade e a paz de espírito provavelmente não são respondidas, mas os caminhos traçados são plausíveis até a extrema mudança de vida e da expectativa política.



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