Martinhada
(Jorge Barreto)
Processo Revolucionário iniciado no Porto em 24 de Agosto de 1820 e que chegou á capital três semanas mais tarde.
Foi alimentado por forças sociais, politicas e ideologicamente heterogéneas, apenas unidas por um determinador comum, que era a sua oposição á situação politica vigente.
No interior do campo revolucionário existiam rivalidades de várias ordens, geradas pelas diferenças sociais, sobretudo entre burgueses e aristocratas. No campo politico coexistiam absolutistas e liberais e diversas tendências e graduações entre eles. Existiam rivalidades até pelas animosidades e ambições pessoais, pelas diferenças entre militares e civis e até pelo bairrismo - Lisboa e Porto.
Á medida que a vitória do movimento se consolidava, as dissenções e as lutas pelo poder agudizavam-se e a Martinhada surgiu como seu desfecho lógico, sendo a primeira grande oportunidade de clarificação politica no seio do campo heterogéneo que se identificava com a Revolução.
Tudo se desencadeou a propósito da forma de convocação das Cortes Constituintes. Nos últimos dias de Outubro de 1820, o Juiz do povo de lisboa e os chefes militares, onde pontificava o marechal-de-campo Gaspar Teixeira de Lacerda, exigiram a adopção do método definido na Constituição de Cádis de 1812.
A Junta das Cortes não acedeu.
Como resposta, descontentes, convocaram uma concentração militar e civil junto da sede do Governo, para o dia 11 de Novembro ( dia de S. Martinho), e impuseram as suas exigências.
As reacções de alguns consagrados dirigentes liberais, de vários chefes militares, do corpo comercial, da Maçonaria e da imprensa mais prestigiada, fizeram abortar em poucos dias esta intentona militar.
A 17 de Novembro tudo estava terminado.
O que começou por ser uma revolta politicamente dominada pelos conservadores e absolutistas redundou no seu afastamento definitivo do campo da revolução vintista e na radicalização desta num sentido liberal.
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