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25 de Abril de 1974
(Adérito Tavares)

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A Revolução de 1974 veio por termo ao regime autoritário implantado pela Revolução de 28 de Maio de 1926, e abrir caminho a um regime democrático assente no reconhecimento dos direitos, garantias e liberdades fundamentais dos cidadãos e numa concepção pluralista do poder politico.
Foi preparada por um numeroso grupo de oficiais de baixa patente, na sua maior parte capitães, que se organizaram menos de um ano antes em torno de uma reivindicação de carácter corporativo. O seu êxito foi fruto da incapacidade revelada pelo Governo de Marcelo Caetano para ultrapassar a profunda crise de isolamento interno e externo que minava o regime autoritário.
O prolongamento indefinido das guerras contra os movimentos de libertação de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, sem solução militar ou politica á vista, causava sérias apreensões em largos sectores da populações, incluindo grupos sociais até então afectos ao regime e empenhados numa modernização das estruturas económicas.
A própria igreja católica, começava a afastar-se de tal politica, nomeadamente após a audiência concedida pelo papa Paulo VI aos chefes dos principais movimentos de libertação.
Os oficiais de baixa e média patente eram as principais vitimas desta politica cega ás realidades do mundo contemporâneo, sujeitos como estavam ao sacrifício cada vez mais inglório de sucessivas comissões de serviço no terreno de combate ultramarino.
Não foi difícil nestas condições a rápida politização de um movimento de natureza corporativa no inicio.
O lançamento do livro do general Spínola “Portugal e o Futuro” em Fevereiro de 1974, no qual se propunha uma solução politica e não militar para o impasse da guerra colonial, no quadro institucional federalista, agiria como um verdadeiro detonador para uma situação que se afigurava cada vez mais explosiva.
Numa reunião em Cascais, a 5 de Março de 1974, ficava finalmente decidido o derrube do regime pela via armada. A demissão de Spínola e Costa Gomes dos cargos de vice-chefe e chefe do Estado Maior das Forças Armadas, em 13 de Março, e a promoção por Caetano de uma cerimónia de apoio ao seu Governo por parte da maioria dos oficiais generais no activo, dá então origem a uma precipitada tentativa de Golpe de Estado por parte de um grupo de oficiais próximos do General Spínola, que arranca nas Caldas da Rainha com uma coluna sobre Lisboa a 16 de Março.
Foram rapidamente subjugados, pois a maior parte dos oficiais e unidades envolvidas na preparação da Revolução se mantiveram alheias a esta tentativa. As autoridades militares vigentes prendem ou transferem dezenas de oficiais.
Esta situação acelera os preparativos da Revolução, estabelecendo-se os primeiros contactos organizados com os numerosos oficiais milicianos que cumpriam o serviço militar obrigatório. O plano de operações é elaborado sob a coordenação do major Otelo Saraiva de Carvalho e o programa politico sob a orientação do major Victor Alves. Enquanto o clima conspirativo alastra pelas principais unidades militares do País e a policia politica se mostra inoperante e desorientada pelo enorme grau de adesão alcançado pelo movimento e por algumas manobras de contra-informação oportunamente desencadeadas.

Assim, na madrugada de 25 de Abril, colunas militares oriundas das principais unidades do Exército, espalhadas pelo País, apossaram-se dos pontos estratégicos da capital, não se lhe deparando qualquer resistência significativa. Na tarde desse mesmo dia, o presidente do Conselho, Marcelo Caetano, rendia-se no Quartel do Carmo, cercado pelos carros de combate do Capitão Salgueiro Maia, da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, que haviam já dissuadido de qualquer confronto, uma força de Cavalaria 7 e uma coluna militar da GNR.
Na madrugada seguinte, a Junta de Salvação Nacional, de sete militares dos três ramos das forças armadas que imediatamente se constituiu , apresentou ao País, através da Rádio e de Televisão, o programa do Movimento das Forças Armadas, do qual constavam como medidas fundamentais, a convocação no prazo de doze meses de uma Assembleia Constituinte eleita por sufrágio Universal, directo e secreto, a garantia da liberdade de reunião, associação e expressão, o lançamento pelo Governo Provisório a constituir, dos fundamentos de uma nova politica económica e social ao serviço das classes trabalhadoras e a adopção de uma politica conducente á paz nas colónias com base numa solução politica e não militar para a guerra em curso.
Foi ao mesmo tempo decretada a extinção das instituições do regime deposto e escolhido para presidente da República o general António Spínola.
Dados os primeiros passos numa via de democratização e descolonização, em breve viria a revelar-se bastante acidentada, dada a constituição de um poder militar com apoios comunistas e esquerdistas.
Ao fim de dois anos, Portugal tinha uma nova Constituição, os novos órgãos de poder eram eleitos segundo as regras das democracias pluralistas e a descolonização estava completa.
Houve um regresso maciço dos colonos, uma guerra civil em Angola e a Indonésia invadiu Timor, foi o preço a pagar.
A posição de Portugal no mundo modificou-se por completo com o estabelecimento de ligações diplomáticas com numerosos Estados do terceiro mundo e do leste europeu.
Terminado o ciclo do Império, terminava o isolamento internacional do País.
A Revolução ocorreu no exacto momento em que as economias dos países industrializados eram atingidas pela crise do aumento súbito dos preços do petróleo, sendo logo confrontada com a tensão contraditória entre legítimos anseios de melhoria do nível de vida de largos extractos da população e a necessidade de em breve se impor a adopção de duras medidas de austeridade.



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