Sá de Miranda e António Ferreira
(António Guerra)
No século XVI, vem de Itália o chamado “dolce stil nuovo”, que se caracteriza pelo regresso ás formas greco-latinas, acompanhadas pela lição poética e amorosa de Dante e Petrarca.
Assim, no metro, encontramos o decassílabo; nos géneros, a epopeia, a comédia e a tragédia; e nas composições líricas, as formas do soneto, da elegia e da canção.
O “dolce stil nuovo”, que é introduzido em Portugal por Sá de Miranda, poeta do Cancioneiro Geral, que viaja em Itália entre 1521 e 1526, convive com as formas líricas tipicamente peninsulares, como a redondilha, a cantiga com mote e volta, os romances e o próprio teatro de Gil Vicente ou dos seus imitadores e continuadores.
Sá de Miranda escreve as primeiras canções, elegias e sonetos da língua portuguesa. Em língua castelhana se dirige a D. João III para falar de temas da actualidade politica e social.
É um critico atento da vida da corte e das transformações produzidas na sociedade portuguesa pelos hábitos adquiridos na vida do comércio marítimo, num tempo em que este dominava toda a nação.
Há também a considerar a sua lição lírica, que se repercutirá em toda a poesia portuguesa até ao século XX. De entre os temas que tratou, note-se o da mudança, e o carácter contraditório de tudo quanto existe, e do próprio homem perante si mesmo. Na sua poesia surge o célebre verso “Ando perdido em mim como em deserto”, que, pertencendo a um fundo comum português e castelhano, estará presente noutros poetas.
António Ferreira ( 1528-1569 ), é um defensor aceso do classicismo. Não escreve em castelhano, usa apenas as formas novas e enaltece a língua portuguesa. Para além da obra lírica e de duas comédias, deixou a tragédia “Castro”, sobre os amores de D. Pedro e D. Inês.
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