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Pantaleão e as Visitadoras
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Comédia dramática e crítica social. Militar rigoroso, brilhante e dedicado ao cumprimento do dever, o jovem Capitão do Exército Pantaleão Pantojas é convocado para uma "difícil e delicada missão": conter as ações dos soldados baseados na selva amazônica que, afetados pelo isolamento, teriam dado início a uma onda de estupros a mulheres nas redondezas da cidade de Iquitos. Para isso, Pantaleão deverá gerenciar um "Serviço de Visitadoras" para atender as necessidades sexuais dos soldados, tarefa sigilosa a ser executada à paisana e sem qualquer menção à participação das Forças Armadas. Acompanhado da esposa Alfonsina (de quem obviamente oculta a verdadeira razão do trabalho), o militar viaja para Iquitos em busca de contatos para o recrutamento das tais "visitadoras", e com este fim associa-se à Madame Leonor, dona de um decadente bordel e mais conhecida como "a Chuchupe". Montado um escritório à beira do rio, contratadas as primeiras prostitutas e realizadas as primeiras visitas na barca comprada com esta finalidade, o serviço torna-se um sucesso e mais "funcionárias" vão sendo recrutadas, ainda que sob a oposição do padre local e do radialista "El Sinchi" (que denuncia em seu programa a "indústria do pecado" criada para satisfazer os militares estupradores). É com a chegada de Olga, "a Colombiana", que os problemas começam a surgir de fato: prostituta belíssima que vira a cabeça do militar pelo avesso até fazê-lo ceder e tornar-se seu amante, a Colombiana também é objeto de desejo de todos, e o ciúme provocado em Pantojas acabará fazendo com que o romance seja descoberto, ao mesmo tempo em que nativos e militares da reserva (o prefeito, inclusive) passam a exigir as mesmas regalias dos soldados e o uso do que já estão chamando de "Pantilândia", pondo em risco o sigilo da missão, principalmente para Alfonsina, que, grávida, já desconfia do comportamento do marido.
A enorme sinopse pode até sugerir uma incapacidade de concisão do missivista. Mas o roteiro deste surpreendente Pantaleão e as Visitadoras é tão rico que fica o receio de falar dele e deixar alguma coisa de fora. A crítica especializada já o comparou a um ciclo de debates, tantas são as discussões que levanta. E, de fato, não é qualquer um que trata com tanta propriedade de temas como prostituição e condição da mulher, relações de trabalho e ideologia, fidelidade e amor, desejo e culpa. Isso tudo de maneira muito irônica e sutil, onde um humor aparentemente ingênuo esconde críticas afiadas e certeiras.
Pantaleão Pantojas, com seu lap top sempre a tiracolo, suas planilhas, seus gráficos, seus estudos e sua metodologia rigorosa, realiza a proeza de não apenas administrar a prostituição como se regesse uma tropa a caminho da guerra, exigindo de cada soldado a sua cota de "patriotismo, entrega e sacrifício". A maneira como organiza e profissionaliza a mais antiga das profissões (solicitando aos seus superiores que as "visitadoras" não apenas recebam um soldo, mas também tenham direito à assistência social completa, como qualquer trabalhador), e o estudo do comportamento dos clientes, para obter o maior rendimento possível de sua empresa, acaba por fazer deste o "serviço mais eficiente do Exército". O humor extraído daí, dos diálogos aparentemente absurdos por se encaixarem melhor num escritório do que num bordel ("O trabalho enobrece e dignifica", diz a placa na sala de Pantaleão), junto a situações como a do padre no confessionário atendendo o celular, são comentários inteligentes do período de mudanças radicais e globalizadas em que vivemos.
A imprensa não fica de fora do olhar atento do diretor Francisco J. Lombardi e dos roteiristas Giovanna Pollarolo e Enrique Moncloa, retratada na figura do radialista que se faz de defensor da moral até o momento em que isso não interfere em seus interesses pessoais. Mas é na visão da existência e função dos militares que o filme tem um de seus maiores acertos. "Nasci para obedecer ordens" , confessa Pantojas, "preciso de chefes". Em sua obediência cega aos superiores, opção que entende como patriotismo, o Capitão se torna uma figura interessante e curiosa: inteligente a ponto de estudar a fundo um problema, seja ele a prostituição ou o analfabetismo (que o filme também aborda), a fim de buscar-lhe as soluções, é no entanto incapaz de contestar uma ordem superior, aceitando de bom grado qualquer missão que lhe seja imposta. Tão íntegro personagem encontrou uma boa encarnação na pele de Salvador del Solar, ator que consegue transmitir tanto a pureza quanto o conflito dela decorrente. Principalmente o conflito provocado pelas curvas e pela boca de Angie Cepeda, a jovem que faz a Colombiana e que quase vira a cabeça do Capitão. (Escrito em junho de 2002, quando da estreia do filme no Rio de Janeiro.)



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