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O Baiano Fantasma
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Drama urbano. Recém chegado a São Paulo, vindo do nordeste em busca de uma vida melhor, o paraibano Lambusca vai morar na favela em casa do conterrâneo Antenor. Enquanto se engraça com a vizinha Lindalva, é abordado na rua pelo malandro Remela, que lhe oferece um emprego de cobrador, mas sem dizer que o patrão é uma quadrilha que vende proteção a donos de estabelecimentos. A ostentação com os primeiros ganhos leva o ingênuo Lambusca a chamar a atenção da vizinhança, e a envolver-se com a cantora Zuzu, ignorando que ela é amante do chefão da quadrilha. A mordomia começa a acabar quando, ao pressionar um industrial para estorquir-lhe dinheiro, Lambusca provoca um infarto no sujeito e foge com o pagamento pela proteção. Passa então a ser perseguido tanto pela quadrilha quanto pela polícia, que dispõe de um retrato falado do paraibano (divulgado pela imprensa como "o baiano fantasma", devido ao costume paulistano de classificar todos os nordestinos como "baianos"), e é obrigado a esconder-se.
Filme muito elogiado mas pouco visto (a distribuição precária fez com que O Baiano Fantasma, produzido em 1981, só chegasse às telas sete anos depois) sobre a migração nordestina para a região sudeste brasileira. Deixando de lado qualquer análise sócio-econômica, o diretor-autor-músico Denoy (pronuncia-se "denuá") de Oliveira preferiu se debruçar sobre o que há de mais humano na trajetória do migrante, explorando a solidão e a perda das raízes dos que descem na rodoviária cheios de sonhos, e se encantam com o tamanho da cidade que os acolhe. Fez aquilo que se convencionou chamar "cinema de resistência", no caso resistência à perda da identidade cultural nordestina, e resolve de maneira sensível e inteligente a transposição para a tela de uma opção política sem apelar para discursos engajados ou panfletarismo barato. Sua narrativa é sincera e aberta, às vezes arrastada, e pontuada de um humor espontâneo, que tenta evitar (nem sempre conseguindo) a caricatura e reproduzir o que há de naturalmente engraçado nesse povo. Mas é através de rimas, inseridas sutilmente nos diálogos, que Denoy aproxima a história de Lambusca de um ícone da cultura nordestina, que é a literatura de cordel. O curioso resultado é o grande atrativo do filme, principalmente na cena do acerto de contas entre o protagonista e o amigo Antenor, que praticamente se transforma num duelo de repentistas.
A seqüência é o ápice da desilusão de Lambusca com a cidade grande. Já vinha sendo obrigado a despir-se de seus valores ao ter de negar ajuda a um conterrâneo, e ao ver rejeitados num baile os seus pedidos para que tocassem baião, e agora vê a traição e a ameaça ocuparem o último ponto de contato com sua terra natal. A alcunha preconceituosa de "baiano" (equivalente paulista ao "paraíba" usado no Rio de Janeiro) e "fantasma" servem para aumentar ainda mais o processo de destruição da identidade e da individualidade do sujeito. O que de fato ocorre com outro dos moradores do cabeça-de-porco, o mendigo interpretado por Rafael de Carvalho, humorista que volta e meia surpreendia em papéis dramáticos como o magnífico Vitorino, de Fogo Morto. Aqui, ele é um migrante como Lambusca, a quem chama de "conterrâneo", vindo para São Paulo atrás de vida nova e também desiludido. Bêbado e vestindo trapos, se torna motivo de chacota do lugar, e acaba enlouquecendo, arrancando as roupas e sendo preso, inteiramente nu, na frente de todos, enquanto grita o nome da esposa que deixou para trás. Além dele há o sempre ótimo José Dumont. Embora tenha confessado, em debate na TV Educativa sobre esse filme, não ter ficado tão satisfeito com seu desempenho devido ao pouco tempo de preparação para os diálogos rimados, a riqueza de detalhes com que constrói Lambusca é digna de atenção. Dumont é exemplo de ser humano completo, e nos traços de sua cara pode se encontrar essas emoções todas que formam essa coisa chamada gente. É desses atores que dão gosto ver em cena, e que jamais terão o reconhecimento merecido por não possuírem nem a cara de galã, nem as amizades certas. A destacar, ainda, a presença de Regina Dourado.



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