Querida amiga leitora, gosto muito de falar de um cara chamado Osho, que foi um dos maiores e mais polêmicos mestres da Índia. Ele foi considerado pelo Sunday Times, um dos “mil criadores do século XX”. Osho também ficou conhecido por suas meditações ativas, compatíveis com a loucura da vida, e por pensamentos profundos como este: “O caminho para a felicidade passa pela gratidão, pelo agradecimento. Sinta-se grato pela existência, ela lhe deu tanto. Não peça mais, e mais lhe será dado. Apenas agradeça por tudo que ela já lhe fez, e você ficará surpresa por ter encontrado a chave. Você pode ter a existência todinha sem pedir coisa alguma”. Pois é, eu li essa reflexão exatamente num momento em que eu estava reclamando demais.
Putz, como é gostoso reclamar. Primeiro porque você desabafa, segundo porque o mundo ta cheio de seguidores da reclamação e então todo mundo te entende e se junta a você. Todo mundo adora reclamar, cruz credo. Mais aí você sabe como é o universo, NE? Nessa semana também assisti a um programa da Oprah em que o pastor foi contar uma história muito interessante: de saco cheio de ouvir tanta reclamação do povo, ele mandou fazer um bracelete púrpura no qual está escrito: “Complaint free world” (mundo livre de reclamação). Acredite: ele recebeu 1 milhão e meio de pedidos da pulseira no mundo inteiro. Ele manda a pulseira de graça e não cobra nem o preço do transporte. Mas é claro que, se você quiser fazer uma doação, pode. Claro, claro, claro... O pastor sugere um dólar por bracelete. Bom, como tudo isso foi coincidência demais, resolvi tomar três atitudes na vida: 1- Parar de reclamar. Principalmente para meu namorado, coitado! 2- Dar braceletes para um monte de gente “reclamilda” como eu. 3- Comprar o CD do rei Roberto Carlos com a música A montanha. Essa música, dos anos 70, diz o seguinte: “Por isso eu digo: Obrigado senhor por mais um dia. Obrigado senhor que eu posso ver. Por Mais que eu sofra, Obrigado senhor mesmo que chore. Obrigado senhor por eu saber...”. Tá! É brega, eu sei... É brega sair por ai com uma (aliás, mais uma!) dessas pulseiras de borracha no pulso, cantando “Obrigado Senhor” pela rua. Mais você nem imagina o que efeito que faz. E, portanto, eu to pouco me lixando se é brega ou não. Como diz a comunidade do Orkut: “É brega mais eu gosto”. O fato é que todo mundo ficaria mesmo melhor com menos reclamação. E, com certeza, você concorda com isso. Então, eu aproveito todas as manhãs para agradecer que eu tenho uma saúde razoável, que eu tenho um emprego que eu amo, que encontrei um homem com um caráter acima de qualquer suspeita, que eu tenho amigos na alegria e na tristeza, etc. A única que não concorda com esse agradecimento todo é minha gata, quando eu agarro pelos braços e fico balançando e canto: Obrigada, Senhor por essa gata”.
Ahahahahahahahahahahaha.
Gisela Rao é escritora (autora do livro Socorro, leitora!, Editora Matrix) e publicitária (
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