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Guerra no Rio
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      Os recentes acontecimentos de carros sendo incendiados em diversos bairros da Cidade do Rio de Janeiro, dispertou e com razão, um senso de cidadania que há muito não se via em nós cariocas e de certo modo nos brasileiros. A bandidagem que se refugia nas diversas comunidades de baixíssima renda, utilizou o terror como forma de represália à bem sucedida instalação das "Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs)". Com a invasão da Vila Cruzeiro e a tomada em seguida do Morro do Alemão pelas forças de segurança, a população destas comunidades, em grande maioria composta de pessoas de bem, pôde voltar a viver com tranquilidade sem as ameaças e violências de traficantes e bandidos. 
        Não entrarei aqui neste artigo na questão de como as drogas e armas chegam à estas comunidades, da corrupção política e policial e daqueles consumidores procedentes da classe média para cima, que vem sustentando o comércio de drogas; isto alongaria em muito este artigo.  Irei restringir-me às pessoas que residem nestas comunidades.
       A "Guerra no Rio", não é algo que vem acontecendo de dois ou três meses para cá. Ela é fruto de pelo menos três décadas de omissão do poder público e porque não dizer dos extratos mais favorecidos da sociedade brasileira. Pois vejamos: muitos dos que vivem nestas comunidades são oriundos do interior do próprio Estado do Rio e de estados mais pobres da Federação. A classe política e empresarial brasileira, que via de regra estão à frente do processo decisório,  pouco ou nunca se preocuparam em criar condições favoráveis de fixação do homem nas próprias cidades de origem. Como consequência, o inchaço das metrópoles brasileiras.
        Estes retirantes constituíram famílias aqui, onde crianças e jovens cresceram nestas comunidades com  pouca ou nenhuma perspectiva de vinda. Uma carga horária escolar muito pequena, deixando os alunos com muito tempo ocioso. Além do mais a qualidade das escolas públicas em geral é bem aquém do que deveria ser. Pais desempregados ou empregados com salários diminutos, sem condições de oferecer uma vida minimamente dígna aos filhos (o Brasil possue uma das piores distribuições de renda do mundo não é  por acaso). Por outro lado os traficantes convivendo, por indiferença do poder público e da sociedade, com estas crianças e jovens dioturnamente, impondo ou por meio de vantagens em dinheiro ou materiais à adesão ao tráfico, o resultado era previsível: mais e mais jovens encontraram no crime um dos pouquíssimos caminhos de ascensão social.
         É evidente que pobreza e misésia não justificam a criminalidade, se assim fosse a grande maioria dos que vivem nestas comunidades estaria na vida do crime. Porém, embora não justifique, é com absoluta certeza um fator predisponente. Nunca vimos ao longo destes anos, jovens de classe média e média alta envolvidos em "falsas blitz" com fuzis e pistolas em punho nas ruas do Rio, realizando arrastões ou incendiando ônibus como forma de violência.  Nestes últimos acontecimentos da Cidade do Rio, havia algum jovem com estas características, morador da Vieira Souto ou de algum condomínio da Barra ?! Os crimes que alguns deles cometem são igualmente ruins: mas são cometidos mais sutilmente. Depreende-se portanto, que miséria, más condições de vida, educação de baixa qualidade, falta de lazer, desemprego, salários aviltantes,..., alimentam o tráfico nestas comunidades mais pobres.
          Parabenizo as ações de combate dos Governos Federal, Estadual e Municipal contra a bandidagem misturada às pessoas de bem que vivem nestas comunidades. Todavia, o combate é uma condição necessária mas jamais será suficiente para que tenhamos de forma contínua a paz que os moradores destas comunidades e todos nós cariocas merecemos. 
          A "Guerra do Rio" deve ser sim contra os traficantes, mas tem que ser igualmente contra a omissão, a indiferença,  o preconceito e a falta de sensibilidade, que muitos de nós, habitantes do "asfalto", tivemos por décadas em relação àqueles moradores das "favelas".
           
         



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