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Viagem ao Paraguay - Parte 9
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O ônibus parou por volta de 5hs da tarde para almoçarmos.
Seguimos viagem. Novo acerto, desta vez não sei porque... mais leve e rápido.
Havia um ônibus que desde o inicio havia partido junto de nós. Ele nos acompanhava. Também era de muambeiros e ia mais carregado que o nosso!
Era tarde da noite, comecei a me sentir muito mal. Eu precisava ir ao banheiro e não tinha como. Como pedir para parar? Eles me matariam....
Graças a Deus o ônibus que seguia a frente teve um problema no pneu. Ele resolveu parar num posto e nosso ônibus decidiu segui-lo. Eu desci correndo avisando de minha urgência e aos alguns minutos eu estava de volta com o Guia gritando “Vamos, Vamos Vamos, estamos atrasados, precisamos chegar a SP para descarregar ainda hoje de madrugada!”
Eu subi naquele ônibus nem sei como. Eu não estava muito bem, mas tinha que vir. Então o guia não esperou o outro ônibus que cuidava do pneu. Seguiu sozinho.
Era cerca de 00:30hs da madrugada. Eu estava acordada com os olhos “lusco-fusco”.
Numa longa descida e reta da estrada eu vi o ônibus correndo muito e um forte barulho da roda direita dianteira que parecia uma pancada... algo quebrou , ou foi um buraco seco e grande. O motorista perdeu a direção e naquela velocidade não havia como frear. A traseira do ônibus parecia mais veloz que a frente. Eu via tudo como se fosse uma tela de um cinema, o ônibus saindo da estrada, atravessando a outra pista... saiu fora da pista entrando no mato como que caindo num buraco... tão rápido, tão violento e estancou , parou abruptamente como se batesse; era um bambual acho. Um barulho como se fossem de trilhos eu ouvi atrás de mim e por todo o ônibus...., mas tão rápido, tão rápido e tão intenso. Senti como se fosse uma gaveta de ferro cheia de coisas soltas fosse fechada brutamente.
Todas aquelas caixas, aquele peso enorme que estava na traseira interna no ônibus prensou esmagando a todos dentro do ônibus. Junto disso, tive tempo de ver o corpo de um rapaz que se sentava atrás de mim simplesmente voar pelo ar e bater lá na frente, no painel do ônibus da frente. Meu corpo estava esmagado , prensado, preso entre os bancos. Eu não conseguia quase respirar. Pessoas encima de mim por cima dos bancos. Fui prensada entre dois bancos com as pernas dobradas ao peito, pois por muita sorte minhas pernas não estavam para baixo entre as caixas (eu estava com as pernas sobre as caixas!) Eu quase não respirava, não conseguia falar... apenas “ugfffh”; aquele peso todo me esmagava, as pessoas gritavam muito, gemiam, tudo estava escuro. Alguns celulares se acendiam para nada era inteligível ali. O fundo do ônibus como ficou “vazio” foi a saída pelos vidros que quem pode estar por cima de todos se arrastou até lá e aos poucos o peso sobre mim se aliviou um pouco. Eu podia então falar e pedia então para a Tia ao meu lado (que gritava sem parar) para se acalmar. Eu pedia para alguém me ajudar a me soltar dali e nada. As pessoas estavam loucas dentro daquele ônibus. Nada era coerente. Eu fiz tanta força, mas tanta força que não sei como pude.... Eu sentia as mãos meladas onde tentava tocar a minha volta e na verdade isso era sangue. Quando eu tive espaço par me mover eu fui tentar tirar a tia e ela estava ainda mais presa do que eu. Ela tinha um braço quebrado e não sei como ficou na posição em que estava. Parte da frente do ônibus não agüentou e cadeiras e pessoas voaram para fora pela frente. Minha cadeira que era a segunda (mas na verdade a quarta porque os bancos foram tirados) parou a 40 cm do painel da frente do ônibus e eu podia tocar a direção de quisesse dali....(como?) ; Um chiado infernal saía do painel... eu tinha medo que algo fosse explodir. O motorista do ônibus furou a barriga em um ferro e gritava fora do ônibus lá na frente que queria água. A mulher dele tinha os braços e as pernas quebradas. Eu me perguntava se aquilo era REAL, se eu ESTAVA mesmo ali, pois nem eu mesmo acreditava! O que eu tinha que fazer? Então eu comecei a perceber a real loucura das pessoas. Eu pedia para os rapazes me ajudarem a tirar a tia que estava presa ali, eu não tinha força para mover os bancos e o peso das caixas... e eles que já haviam aberto e quebrado um vidro no fundo do ônibus transformando-o em saída estavam é preocupados com a MERCADORIA! Todos tinham eulouquecido... as coisas valiam mais do que as pessoas feridas e presas! Eu me indignei com tal situação, e fiz o que pude para tirá-la dali com muito, muito sacrifício. Joguei minha mala com rodas grande para fora da janela. Tive mais espaço, puxei e soltei a tia, segurei-empurrei a tia para fora até quase a janela. Os bombeiros a pegaram. Ela pedia para que eu pegasse a bolsa dela. Eu procurava a minha bolsa pessoal e tentava alcançar ou reconhecer algo que me pertencesse a mim ou a ela. Achei minha bolsa , estava presa. Puxei... ela rasgou. Coisas caíram no escuro.
(Continua na parte 10)



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