Medicina Baseada em evidências
(MOACYR ROBERTO CUCE NOBRE)
A medicina baseada emevidências (MBE) é definida como o elo entre a boa pesquisa científica e a prática clínica. Ela utiliza-se de provas científicas existentes, com boa validade interna e externa para a aplicação de resultados na prática clínica. Um estudo com boa validade é aquele que apresenta, no caso de tratamentos, efetividade, eficiência, eficácia e segurança.
O processo da MBE inicia-se pela formulação de uma questão clínica de interesse. Este passo diminui a possibilidade de ocorrerem vieses durante a elaboração de um projeto de pesquisa. Uma boa pergunta científica abrange a situação clínica (qual é a doença), intervenção, grupo controle e desfecho clínico. O próximo passo é saber qual é o desenho de estudo que melhor responde à questão clínica.
As revisões sistemáticas que utilizam métodos rigorosos diminuem a ocorrência de vieses. Revisões sistemáticas com meta-análises geralmente otimizam os resultados achados. São consideradas, atualmente, o nível I de evidências para qualquer questão clínica por sumariarem sistematicamente informações sobre determinado tópico através de estudos primários (ensaios clínicos, estudos de coorte, casos-controle ou estudos transversais), utilizando-se de uma metodologia reprodutível, além de integrar informações de forma crítica para auxiliar as decisões e explicar as diferenças e contradições encontradas em estudos individuais.
Os ensaios clínicos randomizados são estudos primários que respondem a questões de tratamento e prevenção. São considerados nível II de evidências, pois possuem um grupo controle, são prospectivos, possuem os processos de randomização e de mascaramento dos desfechos a serem avaliados pelo investigador (estudo cego)
NÍVEIS DE EVIDÊNCIA
Tratamentos:
O tipo de estudo que possui validade interna mais adequada são as revisões sistemáticas com ou sem metanálises (consideradas nível I de evidências), seguidas dos grandes ensaios clínicos, denominados mega trials (com mais de 1.000 pacientes – nível II de evidências), ensaios clínicos com menos de 1.000 pacientes (nível III de evidências), estudos de coorte (não possuem o processo de randomização – nível IV de evidências), estudos caso-controle (nível V de evidências), séries de casos (nível VI de evidências), relatos de caso (nível VII de evidências), opiniões de especialistas, pesquisas com animais e pesquisas in vitro. As três últimas classificações permanecem no mesmo nível de evidência (nível VIII de evidências), sendo fundamentais para formular hipóteses que serão testadas à luz de boa pesquisa científica.
PICO
A forma estruturada de formular a pergunta sintetizada pelo acrônimo P.I.C.O., onde o P corresponde ao paciente ou população, I de intervenção ou indicador, C de comparação ou controle, e O de “outcome” ou desfecho. Utiliza-se a combinação dos componentes da estratégia PICO para finalização da estratégia de busca: após seleção dos termos de busca e utilização dos operadores booleanos para cada um dos 4 componentes de estratégia PICO, esses devem ser inter-relacionados na seguinte estratégia final: (P) AND (I) AND (C) AND (O). Tal estratégia final deverá ser inserida na caixa de busca (search box) existente nas bases de dados, para que se proceda à localização das evidências por meio da busca bibliográfica.
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