Inclusão Digital: novas possibilidades de cognição e virtualidade
(Nize Maria Campos Pellanda; Elisa Tomoe Moriya Schlünzen; Pellanda; Nize Maria Campos; Schlünzen; Elisa Tomoe Moriya e ; (orgs.).)
A idéia de inclusão social via inclusão digital cada vez mais se fortalece entre estudiosos e pesquisadores do assunto, ultrapassando o conceito de que exclusão digital é apenas a diferença entre os que têm e os que não têm acesso aos computadores e à internet.
Assim, o livro aqui resenhado, Inclusão digital: tecendo redes afetivas/cognitivas, é uma publicação coletiva de vários pesquisadores brasileiros que nos contam sobre pesquisas, projetos e experiências pioneiras relacionadas a novas possibilidades de cognição e virtualidade, a partir de programas de inclusão digital. Os autores apresentam suas visões sobre a inclusão sob referenciais teóricos diversos e ações realizadas com diferentes populações.
Na introdução, os organizadores já salientam para o fato de que o meio digital pode ser uma ferramenta poderosa para facilitar a inclusão. Porém, é necessário que ele seja usado de forma adequada. O livro se propõe a mostrar que o meio digital oferece muito mais que as pessoas possam perceber.
A obra esta está dividida em quatro partes que se entrelaçam e aproximam. Intitulada Por que incluir?, a parte I reúne cinco capítulos com artigos que dão sustentação à idéia central do livro, principalmente com o primeiro artigo O sentido profundo da solidariedade, de Nize Maria Campos Pellanda. Nesse texto, a autora se orienta nos aportes teóricos de Pierre Lévy e Humberto Maturana para abordar a solidariedade como condição fundante do humano e também para procurar responder à questão-chave Por que inclusão digital?
Outra discussão importante para a conceituação sobre a inclusão digital é o artigo É preciso inventar a inclusão, de Marisa Faermann Eizirik, em que ela afirma que “excluir faz parte dos códigos de existência” e sempre acompanharam a vida social, contudo, ressalta, “hoje, vivemos uma revolução: a da inclusão”.
A idéia da técnica como constituinte do fazer-se de cada um e como ampliação do humano também é abordada no livro, no artigo Técnica: para muito além do objeto, também de Nize Maria Campos Pellanda, que faz essa discussão a partir da conceituação teórica de Pierre Lévy. É nesse texto que a autora explica a idéia de cognição, que é utilizada no título do livro, como inseparável do processo de viver.
A segunda parte do livro tem como tema Inclusão digital em sua dimensão sociopolítica e faz uma abordagem acerca de projetos e experimentações desenvolvidas com vários públicos, como jovens em situação de vulnerabilidade social, em bairros periféricos na cidade de Porto Alegre (RS), e com a juventude hip-hop, na mesma cidade. Essas experiências mostram como a utilização da rede mundial de computadores movimentou e fez circular a informação, abrindo possibilidades e fortalecendo essas comunidades.
A terceira parte da obra é dedicada à discussão sobre As Tecnologias de Informação e Comunicação para Pessoas com Necessidades Especiais (PNE) e apresenta vários artigos para mostrar os diferentes tipos de necessidades e da criação de condições para que estas possam ser operacionalizadas e incluídas no mundo da educação, do conhecimento e da vida social.
Os autores lembram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que prevê a inclusão das PNE em salas de aula regulares. Assim, os cinco capítulos desse tópico seguem uma mesma linha, mostrando experiências e projetos desenvolvidos para pessoas com necessidades especiais e a utilização da tecnologia como ferramenta cognitiva e de inclusão na educação.
A quarta e última parte do livro trata da Inclusão digital no novo mundo do trabalho e propõe discutir as mudanças na realidade, a partir do advento das TIC e seu impacto na sociedade, que mudou consideravelmente a forma de trabalho e gerou novas demandas para os trabalhadores. No artigo “Dos ‘tempos modernos’ a comunidades corporativas inclusivas de aprendizagem”, Klaus Schulünzen Junior inicia falando sobre o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, que retrata a participação do homem no setor produtivo, e como os avanços tecnológicos possibilitaram a substituição da forma humana pelas máquinas. O autor faz uma análise dos programas de formação de recursos humanos nas corporações e conclui que o ideal é o investimento no desenvolvimento de novas metodologias com o objetivo de capacitar os trabalhadores para o novo cenário produtivo e globalizado.
Escrita pelos organizadores do livro, o artigo que fecha essa publicação, intitulado Um caminho para a nossa rede, é dirigida à rede de pesquisadores que compõe a edição e tantos outros que estudam essa temática, salientando a necessidade de unir profissionais de instituições de pesquisa, educacionais e organizações não-governamentais do país para a realização de estudos teóricos e práticos sobre inclusão digital. A meta é formar uma grande rede de inteligência coletiva.
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