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Iracema: a suspensão do outro em Alencar
(Isaias Carvalho)

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"Tudo passa sobre a terra." Assim termina José de Alencar a sua narrativa de fundação da nacionalidade brasileira - Iracema. O tempo passa sobre a terra da "virgem dos lábios de mel" e, em relação à comemoração dos 500 anos da descoberta/invenção do Brasil, muito se tem falado e questionado sobre o que significa ser brasileiro, e mais ainda sobre como foi gestada a nação - seus mitos fundadores. Assim, é tarefa para muitos pensadores e muitos ensaios a de delimitar os traços matriciais mais marcantes, especialmente nos textos fundacionais, sem a postura redutora de "certa crítica comparatista em marcar o débito do escritor brasileiro, como se a cultura brasileira (assim como a sua economia) só pudesse ser constituída como massa falida" (Silviano Santiago, 1982).A intenção do artigo “Iracema: a suspensão do outro em Alencar” (Isaias Carvalho, 1998; ver link abaixo) é colocar as figuras alencarianas da índia Iracema, de Moacir - "o primeiro filho que o sangue da raça branca gerou nessa terra da liberdade" - e de Martim - o que "tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas" - em uma perspectiva profetizadora do que viria a se constituir um certo modo, por um lado, dignificante e heroicizante e, por outro, dependente e triste de ser brasileiro. Poderíamos dizer que nossos genitores nos abandonam à nossa sorte nessas terras de maravilhas ou que nós só existimos na medida em que nossas raízes ou são inventadas ou pouco profundas, ou até suspensas no ar.São de fato duas questões principais - que se fundem em uma. A primeira refere-se ao aspecto de profecia ou de "predestinação de uma raça" para ser órfã. A outra diz respeito à própria descrição da realização dessa profecia, ou da gênese psicológica da condição dos que habitam essa terra, consumada por José Alencar nas aventuras e desventuras bélico-eróticas desses três personagens emblemáticos.Numa transposição cronológica de temas, se atentarmos para a questão indígena hoje, veremos que a obra de Alencar foi profética no sentido de retratar essa situação de “suspensão” do elemento indígena no processo de civilização. O índio de nosso tempo, como Iracema, não tem presente, pois lhe são negados os canais de inserção na economia e nos costumes da nação não indígena, para o que se faz uso das chamadas reservas indígenas, que são necessárias e ao mesmo tempo excludentes, ou seja, o traço da impotência ainda é o mais marcante; ele também não tem futuro, pois, mesmo que venha a sobreviver a todos os tipos de males do nosso tempo, estará fora do discurso ainda, isto é, terá que ser reinventado de novo. Assim, o índio é condenado ao passado, este conhecido pelo filtro inventor dos exploradores. É a própria impotência feita carne. (É claro que há exceções. Muitas tribos estão se inserindo no processo econômico e se aculturando, mas ainda não se pode fazer afirmações precisas quanto ao futuro dessas relações) Podemos, ainda, arriscar fazer um paralelo entre a imagem de Martim a olhar para o mar esperando um navio que o leve para a Europa, que o reintegre à civilização, e a situação do Brasil hoje diante da crise globalizada que parece relegar o País a um papel de expectador. Pode ser que sejamos um povo a mirar o horizonte do Hemisfério Norte à espera de uma condução para a civilização. Que a(s) História(s) nos ensine algo. Que não tenhamos que nos sacrificar mais, hoje que somos todos índios, de alguma forma metafórica, em relação ao mundo desenvolvido!Ler texto completo em http://www.estesinversos.com



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