Resumo de Energia Nuclear - Bênção ou Maldição? -

O nosso mundo globalizado é uma imensa e poderosa máquina, que não para, funcionando ininterruptamente durante as vinte e quatro horas do dia, trinta dias por mês, trezentos e sessenta e cinco dias por ano, ano após ano, décadas após décadas. Hoje, para arredondar as contas, somos perto de sete bilhões de pessoas sobre a face da terra, precisando comer, vestir, trabalhar, se locomover, tomar banhos, viajar de avião, trem, ônibus, navios, carros e caminhões. Durante o período noturno, precisamos de luzes, e energia elétrica para funcionar o computador, o televisor, passar uma roupa, fazer a barba, etc. etc. Tentem imaginar o volume de energia consumido por uma população daquele tamanho durante um dia inteiro, uma semana, um mês, um ano e por aí vai. Se o nosso planeta fosse um dínamo, tudo bem, por que pelo seu movimento de rotação natural e ininterrupto, ele mesmo poderia gerar a energia de que todos nós precisamos no dia-a-dia. Acontece que não é assim, e não é tão fácil quanto parece manter esta enorme máquina funcionando, consumindo milhões de megawatts a cada hora. Precisamos de energia para praticamente tudo o que vamos fazer. E as fontes atuais são cada vez menos capazes de atender a esta demanda crescente, e que exige sempre novas tecnologias para suprir suas necessidades. Quando, enfim, descobriu-se que se poderia lançar mão da tão temida energia nuclear, que a princípio foi parcialmente conhecida na produção de um instrumento gerador de uma potente força destruidora de grandes massas, a bomba atômica, vislumbrou-se nesta alternativa uma solução para se gerar energia com um custo menor, ocupando menores áreas, evitando-se a necessidade de armazenamento, que não dependia da sazonalidade climática e que não gerasse poluição do ar, entre outros fatores importantes e positivos de sua aplicação. Embora a sua tecnologia de produção seja atualmente bastante conhecida e dominada tecnicamente, devemos considerar que este processo não tolera nenhum tipo de falha, seja ela humana ou mecânica, devido ao uso de matéria prima de altíssimo risco. Tivemos acidentes em Angra, no Brasil, em Chernobyl e agora no Japão. Dos três, o de conseqüências e dimensões ainda imprevisíveis é o de Fukushima, ocorrido agora recentemente. Hoje, o governo japonês autorizou o despejo de vários milhares de litros de água altamente contaminada pela radiação, nas águas do mar, não se sabendo exatamente quais serão os efeitos deste procedimento, sendo ele a única alternativa encontrada pelos técnicos, para aliviar os indícios de uma catástrofe nuclear de proporções ainda inimagináveis. A contaminação, ainda que pareça pequena, já atingiu os Estados Unidos, e sabe-se lá onde mais esta coisa vai bater. O fato é que lidamos com algo extremamente perigoso e que não podemos controlar totalmente, por que ter controle total significa que todo o sistema de produção e entrega tem que ser absolutamente à prova de falhas, sejam elas quais forem. O homem não teve controle dos efeitos das bombas nucleares no passado, e agora não tem o controle absoluto da energia nuclear, que pretende usar como uma fonte de energia, uma matriz energética que nem sequer é renovável, uma vez que usa de recursos que se esgotam com o uso. Temos tantas outras alternativas seguras, perenes e renováveis como, por exemplo, a energia eólica, a solar, as advindas do movimento das ondas do mar, etc. etc. porque não usá-las mais intensivamente, e mitigar os efeitos daquilo que não dominamos? A energia nuclear, hoje, pode parecer uma bênção em primeiro momento, quando usada na medicina por exemplo, mas se não tivermos o controle absoluto desta fonte é melhor não mexer, senão ela pode se tornar uma maldição, cujos efeitos e proporções só Deus conhece.

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