Memórias de um Comedor de Ópio
(Thomas De Quincey)
No começo do século XIX, o usuário de ópio não era visto como criminoso pela sociedade inglesa. O ópio, na forma de tintura de ópio, ou láudano, era encontrado em qualquer farmácia.
O livro é um relato autobiográfico de um viciado em ópio. Que manteve o vício por mais de 50 anos.
Os comedores de ópio encontravam-se em todos os setores da sociedade. Ainda que as classes mais altas, industriais, nobres, clero e parlamentares, tivessem um pouco mais de pudor. Isso quando o nível do vício permitisse.
Nos primeiros anos de vida, De Quincey utilizou a substância de forma esporádica ou para o lazer.
Contudo, aos 28 anos, o jovem fora acometido de uma misteriosa doença no estômago. Que veio de forma incessante e provocava muita dor. E por sorte ou azar do mesmo, apenas o ópio aliviava as dores.
De Quincey perdeu o pai ainda criança e foi deixado à cargo de quatro tutores, que o enviaram a diversas escolas, tornando-o um especialista em grego.
Porém, não os professores da escola em que ele estivera por último não aceitavam bem a ideia de De Quincey saber melhor a língua helênica do que eles. O jovem resolve abandonar a escola. Consegue algum dinheiro emprestado e decide fugir.
Sua bagagem se resume à roupas e livros. Acomodados em um baú.
O plano de fuga não sai como o esperado e Thomas segue para a cidade distinta da planejada. Vaga por algumas delas até se instalar em uma cidade não identificada pelo mesmo; chamada de B. Aonde aluga um quarto.
Ocorre uma insinuação por parte de um bispo de que Thomas pudesse ser um escroque. Imediatamente o jovem abandona o quarto e passa a viver em estalagens; o que faz com que seus parcos recursos logo se esgotem, permitindo apenas uma refeição por dia.
Sobreviveu de frutas silvestres, pequenos serviços e escrevendo cartas, para parentes de pessoas em Londres e Gales.
Decide voltar a Londres. Fora vencido pela fome. Em Londres recebe permissão de dormir em uma casa abandonada. Era inverno. Tinha por companhia uma criança que mendigava pelas ruas. É nessa época que se manifestam as primeiras dores estomacais e a insônia.
O dono da casa abandonada teve misericórdia e permitiu que os dois se mudassem para sua casa oficial.
Conhece Ann, nas ruas de Londres.
Esperava a maior idade para receber a herança do pai. Procura um usurário judeu, que concede adiantamentos ao jovem, garantidos pela futura herança. Contudo, De Quincey deverá encontrar um fiador.
Viaja ao encontro de um amigo nobre. Refaz algumas amizades e retorna à Londres em uma nova condição.
Ingressa na Universidade. O contato com o ópio ocorre em meados de 1804.
Sofria desde criança com uma espécie de sinusite; cujos sintomas eram aliviados por mergulhos da cabeça em um balde de água fria. Contudo, a inflamação piorou e o jovem sofreu por duas semanas.
Foi recomendado, por um amigo universitário. Ele encontra uma farmácia e adquire tintura de ópio. A imagem do farmacêutico, como um vendedor de prazeres, nunca saiu de sua cabeça.
Ele não respeitou e prescrição e abusou da tintura. Que sumiu com a dor e deu-lhe indescritível prazer mental.
À partir daí, ele classifica os prazeres do álcool como mundanos e os do láudano como divinos, e faz uma série de reminiscências com o mundo grego, que ele bem dominava.
O láudano ajuda a aliviar as persistentes dores estomacais também. Aí não se sabe se elas voltavam mais fortes e persistentes em função do mesmo. Chegava a tomar 1000 gotas por dia. Teve alguns trabalhos esporádicos.
Em 1812 o ópio começa a cobrar seu tributo de De Quincey. Foi atormentado por um pesadelo durante anos, aonde era perseguido por um malaio com uma cimitarra. Chegou a 8000 gotas por dia.
O final da história narra dez passos da agonia do vício do ópio. Já não era capaz de ler ou de estudar. Sua visão passa a traí-lo. Tinha alucinações de dia e durante o sono. Inclusive o fim do livro parece ter sido ditado por outra pessoa. Chegou, à denominação de hoje à 20 gramas de heroína por dia.
Fica a impressão de que Thomas De Quincey estava destinado ao sofrimento. Orfão, miserável, sofredor de dores crônicas, usuário de ópio e por fim viciado.
De Quincey viveu aproximadamente mais 30 anos após o livro ser escrito. Ainda produziu algumas obras, contudo morreu como um miserável.
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