Resumo de O Professor e as concepções de linguagem no ensino de leitura

Para Geraldi (1997) a alteração da situação atual do ensino de língua portuguesa não deve passar apenas por uma mudança nas técnicas e nos métodos empregados na sala de aula. Uma diferente concepção de linguagem deve construir não só uma nova metodologia, mas principalmente um “novo conteúdo” de ensino.
De acordo com as apreciações realizadas nos períodos de estágio em relação às práticas habituais desenvolvidas, na maioria, pelo professor em sala de aula, podemos relacionar algumas como:
• Cobram do aluno, na grande maioria das vezes, o que não foi aprendido, ensinado;
• Assistem ao fracasso do educando, atribuindo somente a este a culpa de não ser um bom leitor e escrever mal, crucificando-o;
• Não despertam o interesse, vontade, desejo e o prazer da leitura;
• Não consideram a organização estratégica da leitura como um conjunto de competências que deve fazer parte do objeto de uma aprendizagem;
• Mantém e sustentam a idéia de que ler consiste ou deve consistir apenas na simples e mera decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, pois não considera a significação e sentido;
• Não abordam a importância da leitura e da escrita com os alunos, ou talvez comentem, mas na maioria das vezes, reservam-se somente ao comentário sem ações práticas, mantendo-se, assim, passivos e centralizadores;
• Não possuem a noção de responsabilidade do ensino da leitura, assim como informações sobre algumas questões fundamentais que envolvem a aprendizagem da leitura e sua prática em sala de aula com os alunos;
• Não levam em consideração a existência do conhecimento prévio do aluno, assim como a intenção e objetivo de leitura;
• Não pontuam com os alunos sobre as informações prévias de um texto (autoria, data de publicação, etc), pois não dão a essas informações a relevância que têm para a formação do sentido do texto;
• Concentram sua atenção na escolha do objeto (o texto, o livro) esquecendo o sujeito (o aluno-leitor), pois parece que sua função é de apenas selecionar o material pedagógico a ser ministrado em sala;
• Não realizam nenhum procedimento pedagógico significativo para a prática de leitura, deixando que o ato de ler fique por conta única e exclusiva do aluno.
Percebe-se, assim, que os procedimentos expostos acima e realizados pela grande maioria dos professores, podem ser considerados como uma das causas das muitas dificuldades verificadas com relação à leitura e escrita nos alunos em geral.
Dessa maneira e diante da situação de dificuldades enfrentadas pelo educador no sentido de orientar e mediar os alunos no processo de ensino da leitura entende-se a necessidade de relacionar algumas práticas esperadas pelo professor construtor, como:
• Apresentar uma postura didática perceptiva e significativa para a aprendizagem do aluno, de maneira que este passe de mero expectador para um ator participante do processo de apropriação da leitura;
• Estabelecer uma relação dialógica com o aluno, colocando-o como sujeito e instrumentalizando-o para o saber fazer;
• Explicar as regras, as técnicas, corrigindo as falhas, elogiando os acertos, propondo desafios que contribuam para a formação de um aluno-leitor competente autônomo;
• Ser o orientador / mediador do processo de construção de conhecimento realizado pelo aluno;
• Permitir que o aluno construa / adquira seu conhecimento integrando o que está aprendendo ao que já conhecia anteriormente, indicando soluções e sugerindo formas alternativas para o conhecer;
• Realizar uma intervenção adequada, contínua e explícita durante toda a vida escolar do aluno, de forma consciente e sistemática, antes, durante e depois das atividades de leitura, no sentido de propiciar a formação de um leitor e produtor de textos competente e autônomo, capaz de compreender e interpretar aquilo que lê, construindo significados transformando-os em palavras;
• Entender a leitura como um processo ativo dependente da interação texto-leitor, propondo, assim, uma atividade de leitura que leve em consideração a condição prévia do aluno, que é construída com o próprio indivíduo e, portanto, inerente a ele, proporcionando, dessa maneira, que o educando realize as atividades de leitura com as estruturas cognitivas (o saber referente a língua e mundo) que lhe são próprias;
• Entender que o aluno é um ser dotado de conhecimentos internalizados, que são muito maiores do que o próprio educador possa supor, e que esses conhecimentos integrados e trabalhados de maneira coerente, poderão auxiliar no processo de aprendizagem da leitura;

• Mobilizar o conhecimento do aluno: a sua leitura de mundo, além de seus saberes sobre a língua – fonológica, sintáticas, semânticas, pois o leitor deve estabelecer relações entre o novo (o texto) e o conhecido (suas experiências anteriores);
• Contextualizar o aluno acerca do que está sendo ou será lido, com informações sobre os aspectos, indícios do contexto textual e contexto de situação;
• Permitir que o aluno participe do processo de aprendizagem, deixando que este escolha a leitura a ser feita, contribuindo para que esse ato de leitura passe a ter significado para o leitor;
• Atentar para o fato de que a compreensão de uma leitura ocorre a partir dos objetivos determinados para essa leitura, assim como o aproveitamento dos saberes prévios do leitor no momento da leitura, pois desse modo é possível que o educando construa o sentido do que está sendo lido, pois é o leitor quem cria seu próprio sentido com base em seus conhecimentos adquiridos, em sua expectativa e em sua intenção de leitura;
• Conseguir transformar o que precisa ser lido em algo significativo e prazeroso ao aluno;

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