O Estrangeiro
(Albert Camus)
"Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem.
Recebi um telegrama do asilo:
"Sua mãe falecida: Enterro amanhã. Sentidos pêsames".
Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
Assim começa a obra de Camus. Mersault recebendo a notícia de que sua mãe, que o mesmo havia internado em um asilo, falecera. Marsault não demonstra sinais de abalo emocional, pelo menos não na visão da sociedade.
Marsault também tem atitudes que comprovariam sua falta de emoção durante sua estadia no asilo, como não querer ver sua mãe antes da mesma ser enterrada.
Esta situação é usada mais a frente no tribunal, onde Marsault é julgado pela morte de um homem, como prova da sua falta de caráter. Em todo o livro, poucas vezes Mersault manifesta algum sentimento. Por Maria, mulher com quem se envolve após a morte da mãe, notamos um desejo físico dele para com ela, longe de qualquer manifestação de amor. Para ele, praticamente tudo era indiferente.
Porém, todas essas características podem ser notadas a partir do momento que temos a visão que a sociedade nos impõe. Casamento, chorar em funerais de entes queridos, entre outros, tudo gerado sobre convenções criadas, impostas por uma cultura que vem de muitos anos, passada de geração em geração.
Mersault assassina um homem. De fato, o homem o ameaça com uma faca, e Mersault, para se defender, atira no homem. Mas após ter o acertado, alega ter um delírio devido ao sol que batia em sua cabeça, e atira mais 4 vezes no indivíduo. Por legítima defesa ou não, o fato de ter matado um homem não o deixa abalado.
Ficar contra Mersault parece a atitude mais coerente, mas o jeito como o tribunal o julga, faz dele um monstro. Isso era Mersault aos olhos da sociedade. Um monstro que não amava a mãe, nem sua própria vida.
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