Resumo de Armas Contra Doenças: Hpv

O HPV (Papilomavirus humano) constitui uma família viral com mais de cem tipos, que contaminam células da pele e das mucosas, especialmente (mas não exclusivamente) das regiões genitais e perigenitais femininas e masculinas. A transmissão da doença é a conseqüência de contato sexual com parceiro infectado, estimando-se que 10% a 30% das mulheres são portadoras do vírus, a grande maioria desconhecendo o problema. Isso porque um aspecto peculiar da infecção pelo HPV é, em numerosos casos, a ausência de sintomas, por períodos variáveis de tempo, às vezes mesmo por alguns anos. É indesejável que a doença seja descoberta apenas após o aparecimento de lesões pseudotumorais (condilomas, verrugas genitais) ou tumorais (câncer do colo uterino ou outro).

As armas para o diagnóstico precoce da doença são três exames médicos: o exame citopatológico (citologia preventiva ou Papanicoulau), a colposcopia e a biópsia. Tais procedimentos permitem a detecção de alterações apenas visíveis com instrumentos ópticos especiais ? o microscópio ou o colposcópio. Nessa fase, a ablação das lesões previne a evolução para o câncer, que é responsável por altos índices de mortalidade, na população feminina. Programas (Viva Mulher) e campanhas de saúde pública têm procurado com algum sucesso diminuir as estatísticas fatais, oferecendo gratuitamente os exames preventivos às populações carentes.

Mais uma arma promissora para combater a infecção pelo HVP foi mundialmente lançada, neste ano de 2006: as vacinas americana (Gardasil da Merck Sharp & Dhome) e inglesa (Cervirax, da Glaxo Smithkline). Embora não sirvam para curar as pacientes já portadoras do vírus, essas vacinas estão indicadas para prevenir a contaminação das mulheres ainda livres do HPV. A fabricada pela Merck é quadrivalente, prevenindo a infecção pelos vírus tipos 16, 18, 6 e 11 ? os dois primeiros associados a cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero; os dois últimos responsáveis por mais de 90% dos condilomas (verrugas) genitais. A vacina Cervarix é bivalente, preparada especialmente para a prevenção dos HPV tipos 16 e 18, que também são chamados de vírus de alto risco, pela altíssima associação com malignidades do colo uterino.

As vacinas anti-HPV futuramente poderão ser utilizadas de forma mais eficaz na população virgem (inclusive crianças), que nunca teve contato com o vírus. Justifica-se essa preocupação quando se sabe que a cada ano são notificados mais de 18000 casos novos de câncer do colo do útero e quatro mil mulheres morrem dessa doença maligna, conforme as estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A eficiência da vacina quadrivalente da Merck tem sido provada a partir de vários trabalhos científicos. A revista médica The Lancet Oncology publicou em abril de 2005 os resultados de uma pesquisa mundial com a vacina Gardasil, demonstrando que, após dois anos e meio de follow-up, a incidência de infecção persistente com os HPV 6/11/16/18 e doenças genitais relacionadas (NIC, condilomas) foi reduzida em 90%. No Brasil, a avaliação de 600 mulheres jovens mostrou que nenhuma das vacinadas desenvolveu câncer cervical, lesões pré-cancerosas ou verrugas genitais por HPV. A autora principal do trabalho, Dra. Luisa Villa, pertence à equipe de virologia do Ludwig Institute for Cancer Research, de São Paulo. Os pesquisadores sugerem que a vacinação será mais efetiva quando for aplicada a partir do grupo etário de 10 a 13 anos.

É importante enfatizar que existe ainda uma arma muito importante contra o vírus HPV: o sistema imunológico do organismo, que consegue eliminar naturalmente o agente nocivo, em cerca de 70% das infecções. Essa reação orgânica explica porque nem todas as portadoras do HPV desenvolverão câncer. As mulheres com menor grau de imunidade e com infecções mais antigas, sem tratamento das lesões provocadas pelo HPV (condilomas, verrugas, NIC) são candidatas para contribuírem com as lamentáveis estatísticas de incidência e mortalidade docâncer de colo uterino, no Brasil e no mundo.

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