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Resenha - Filme "Senna"
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Minha nula complacência pela modalidade esportiva Fórmula 1 me deixou velhaco quanto ao tema deste documentário, "Senna". Sempre achei e continuo achando que o engrandecimento do esporte e da própria figura de Ayrton Senna, principalmente aqui no Brasil, se deve muito mais aos atenciosos e influentes olhares midiáticos conferidos ao esporte do que o significado dele ou de seu esportista em si. Afinal, particularmente - ao contrário de muitos -, acho Fórmula 1 um aborrecimento sem fim. No entanto, a Fórmula 1 teve, de fato, significado para muitas pessoas (muitas além do Brasil, como se pode ver neste documentário); e Ayrton, embora alcunhado de herói, não foi (em minha opinião) um herói propriamente dito (ou um herói de contribuições grandiosas e relevantes de uma forma geral - não mencionando seus atos caridosos, é claro), mas um herói simbólico, uma figura motivadora para uma extensa população brasileira e de outras nacionalidades, queira isto seja ingenuidade do povo ou não. Dito isso, me compadeço copiosamente diante deste documentário, que trata a personalidade bem sucedida e trágica de Ayrton Senna de maneira autêntica ao que circulava a vida do piloto: ele era querido, ele era um vencedor em sua profissão e ele era um verdadeiro defensor de boas ideais dentro do automobilismo e, como consequência, uma vítima da politicagem que rodeava o esporte. Ou seja: ele era um verdadeiro herói cinematográfico e digno de seu status emblemático (ou lendário, como também dizem). Por isso que "Senna", ao expor a figura de seu protagonista não necessariamente como razão de ser para o automobilismo ou para as outras pessoas, mas como simplesmente razão de ser e viver particular do piloto, pinta um retrato triste e envolvente de um humano determinado a consumir cada vez mais as glórias de sua paixão - e que, tragicamente e ironicamente, morre experimentando ela. É impressionante como a trajetória de Ayrton se equipara às grandes jornadas dramáticas de heróis do cinema; através de um resgate precioso e revelador de cenas dos bastidores da Fórmula 1, "Senna" não só denuncia a fétida politicagem que movia (e aparentemente ainda move) a modalidade (e que é uma das razões para eu não dar a mínima para o esporte), como coloca isso de forma determinante para estabelecer o apego do espectador pela história contada e pelo seu personagem principal - que, no entanto, esbanjava tanto carisma e uma humildade nem um pouco cínica, que já era o bastante para conquistar a simpatia de qualquer um. Se este longa fosse uma ficção, eu certamente o chamaria de clichê. E é por documentar e trazer este clichê real de uma forma tão bem montada e narrada (a trilha instrumental e o voice-over funcionam perfeitamente), que "Senna" acerta mais uma vez: as discussões envolvendo Ayrton e os superiores da Fórmula 1 são escancaradas como se fossem intensos momentos de um cinema de ficção - até mesmo os “diálogos” parecem muito manjados e entregam facilmente a benevolência de Senna em contraste com as atitudes e declarações de seus “vilões”. Vilões, entre aspas, pois um deles, o rival do brasileiro, Alain Prost, é mostrado como um típico antagonista cínico e mesquinho para mais tarde vir a ser alguém tocado pela partida do piloto e envolvido com os trabalhos póstumos dele. E mais: as entrevistas de Ayrton recolhidas e espalhadas pela narrativa, insinuam um tom profético assustador, que pareciam já anunciar sua futura morte na pista de corrida. Por isso, é realmente emocionante e de se expressar por meio de lágrimas a forma como o documentário reconstrói a tão bela história de Ayrton Senna (aponto como um dos ápices da emoção a cena em que este comemora sua primeira vitória em solo brasileiro) para culminar no desfecho fatal e infeliz. Senna era uma pessoa boa, cativante e bem humorada; era centrado no que fazia e tinha imenso apego por isso. Ao partir, sinto por sua morte não por este fazer falta ao esporte, aos seus fãs, ou simplesmente por ter sido uma pessoa benigna (como tantas outras são e morrem), mas por ter morrido precocemente justamente por fazer aquilo pelo qual era mais apaixonado e que pudemos testemunhar neste filme com tamanha fascinação: correr e vencer. Ayrton Senna teve muitas vitórias e realizações e pode ter experimentado o gosto doce de seu amor por seu ofício como quase nenhuma outra pessoa experimentou por suas profissões - e talvez seja isso que justifique a elevada admiração que sustentam sob sua pessoa. Infelizmente, porém, sua morte teve de acontecer para que sua passagem se tornasse ainda mais memorável e motivadora.



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