Houve um tempo em que alguns desastres nacionais acentuaram certos motivos em Portugal, foi por volta de 1580. O desconcerto da vida e dos juízos humanos, o sem sentido e confusão de uma existência já originariamente degradada, pecaminosa a cada passo posta em tormento. A meditação do poeta faz-se atrás de uma ânsia ou saudade imorredoura que se arrasta através de desenganos, através de mudanças irreversíveis e sempre para pior, mais num apego ao sofrimento, ou tormento, que assume já todo o trágico absurdo. O grande mal de amor (de viver) residiria precisamente em não podermos deixar de querê-lo, e essa vontade está no foco de todo um mundo torturantemente incompreensível, ou desconcertado. Tanto de exprime o amor profano como o amor a Deus: unidade na oposição do morrer vivendo, da maior alegria na maior tristeza, da dor e glória, do querer-se livremente cativo, da insatisfação satisfeita, do ganhar perdendo, do subir descendo, darazão na sem razão, da razão em plena gueaa íntima etc..
Na maior parte das poesias e dos poetas sente-se que os paradoxos e hiperbolizações do sofrimento, do desconcerto íntimo ou externo, servem como um propósito de encarecer a própria paixão; e o que importa é o toque de um qualquer ferver de originalidade, nem sempre facilmente definível, que se comunique de todos os ingredientes formulares. Aceita-se o nome de Maneirismo ao estilo dos poetas em que a lírica do amor já movimenta, o complexo formulário, mais ou menos amaneiradamente melancólico do quinhentismo, quer ele aproveite as formas métricas de quatrocentos, quer aproveite a versificação italiana. A poesia de Rodrigues Lobo de um lado apega-se a clara presença de Camões através do ideal amoroso e dos recursos nela empregados. De outro, percebe-se que o poeta de debate nas malhas duma lição poética que já não satisfazia inteiramente pra exprimir a inquietude existencial que o visitava: em outros termos, Francisco Rodrigues Lobo assimila o modelo camoniano, mas insufla-lhe uma brisa de inconformismo e rebeldia que, embora vaga, é suficiente para iniciar o movimento Barroco.
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