BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Minha Formação
(JOAQUIM NABUCO)

Publicidade
Minha Formação de Joaquim Nabuco é livro de memórias autobiográficas escrito numa prosa cristalina, leve e poética. Embora tenha deixado vasta obra literária Minha Formação foi considerada a melhor autobiografia brasileira. Recifence, nascido 19 de agosto de 1849, foi filho do deputado e conselheiro Nabuco de Araújo, grande representante do partido liberal em meados do século XIX.
Tal autobiografia compreende o período de 1893-99. De acordo com o próprio autor seu conteúdo se faz de “ idéias, modos de ver, estados de espírito, de cada um desses anos ” (2005p.13), portanto, nela se encontra muito de sua vida.
Sendo Joaquim Nabuco um grande vulto político brasileiro de seu tempo, Minha Formação traz muito de reminiscências políticas. Porém, não se restringe a elas. Além de ter sido grande abolicionista, era estudante de história ( nacional e internacional) e literaura. Era grande leitor, a semelhança de seu pai, que ficava “ encerrado entre altas muralhas de livros ”, embrora a ciência deste não fosse livresca. Em suas leituras dos grandes autores sentiu-se, ainda moço, arrebatado pelas idéias livres, brilhantes, original e hormoniosas. (2005, p.19).
Nabuco fora um homem de espírito universal cuja vida foi gasta na política com P maiúsculo. Ou seja, a política/história. Sua preocupação estava longe das lutas políticas locais, por exemplo. Para ele existiam realidades superiores à “pequena política”. Não havia nele nada de provinciano.
O que lhe ocupava o coração era o drama humano universal, daí porque a abolição dos escravos lhe interessou mais do que qualquer outro assunto de sua época. Pela liberdade dos escravos lutou com todas as suas forças, recursos e influência.
Quanto a libertação dos escravos ele escreveu: “ A liberdade por si só é fecunda , e sobre os destroços da escravidão refazer-se-á com o tempo um sociedade mais unidade, de ideias mas largas, e é possível que esta proclame seus criadores aqueles que não fizeram mais do que interromper a opressão que presidia aos antigos nascimentos, os gemidos que assinalavam no brasil o aparecer de mais uma camada social ” (2005, p.155).
Louvável é o caráter desinteressdo da luta que este homem travou contra a escravidão. Ele não tirou proveito material à custa da miséria do povo escravo. Sua recompensa fora a libertação dos negros, por si mesma. Escreveu ele tranquilamente: “ Consola-me nada ter tirado da abolição... ” (2005, p.161).
A formação de Joaquim Nabuco fora riquíssima. Se dera através da leitura (Bagehot, Taine, Lamennais, Lamartine, Esquiros, Heine, Ernest Renan, etc), das viagens (Inglaterra, França, Estados Unidos), e do contato privilegiado com grandes espíritos (O Barão de Tautphoes, Rebouças, etc). Porém, a grande influência de sua vida e formação fora seu pai. Influencia da qual ele gostaria de ter usufruído mais. Daí porque escrevera uma ensaio biográfico do mesmo intitulada Um Estadista no Império. Esta influência paterna norteou todas as outras influências que sofrera no transcurso de sua vida. Com seu pai especialmente aprendera algo de grande importância: que a superioridade intelectual nada tem a ver com a dúvida. Nabuco carregava esse preconceito consigo, porém, conseguiu superá-lo. Já não mais considerava indivíduos pouco inquiridores, menores intelectualmente. Agora reconhecia que a fé capacitava as faculdades criadoras a produzir obras consideráveis e belas (2005, p.128).
Nabuco fora um escritor incrível: preciso, culto, historicamente consciente. Bacharelou-se em letras e formou-se em Direito. Imprimia em sua prosa a melodia e a clareza, a coerência lógica e a análise política arguta. Em Minha formação é notório a poética da prosa que emanou de sua pena.
Os últimos dez anos (1889-1899) ele retirou-se da política para dedicar-se as profundas aspirações interiores, ao pensamento, as letras.
A certa altura, recomenda ao escritor iniciante o conselho que recebeu de Ernest Renan: entregar-se a estudos históricos. “ Renan me dera um conselho, que transmito a nova geração de literatos, de entregar-me aos estudos históricos ”. A dedicação aos estudos “ históricos desinteressados ” não é bom negócio; não é lucrativo. Porém, a recomenda como indispensável para a formação humanística e literário.
Uma séria advertência o faz aos novos escritores, advertência contra a vaidade humana ferida e o melindre literário : “ O escritor juvenil que não se resignar ao sacrifício da sua ‘honra’ literária, não fará progressos em literatura ” ( 2005, p.58).
Aí está uma importante preocupação que deve ocupar a mente do escritor: não ser susceptível as diversas críticas das quais suas obras serão alvo. Tal hipersensibilidade é um dos fortes obstáculos ao oficio de escrever. Ou seja, acaba tornando-se mesmo um entrave a criatividade literária, um inibidor poderosíssimo da produtividade intelectual.
O escritor após adquirir a ferramenta de trabalho (profundo conhecimento das ciências humanas, etc ) deve escolher o material com o qual desincumbir-se-á de seu ofício. A falha nesse aspecto constitui-se a causa da literatura medíocre, fruto de um espírito disperso, indisciplinado e indolente.
A respeito da contemplação da beleza Nabuco declara poeticamente : “...o que é verdadeiramente belo ... um raio interior que se incorpora à vida para nunca mais se apagar, quaisquer que sejam as tempestades, dela...”, e então, conclui magistralmente: “... um único fragmento da verdadeira beleza, basta para iluminar a existência humana inteira ” (2005, P.45).
Ele acreditava que, de repente, diante de nossos olhos poder-se-ia descortinar um espetáculo de beleza inesquecível.
Minha Formação é, pois, uma obra-prima de nossa literatura. É de uma beleza literária e riqueza humana deleitáveis. Envie para meu email qualquer dúvida, crítica de qualquer natureza (literária, filosófica, etc.) e sugestão : [email protected] obrigado!Marcílio Monteiro



Resumos Relacionados


- A História Do Engenho E A Biografia Do Abolicionista

- As Duas RepÚblicas. In: Machado De Assis & Joaquim Nabuco: CorrespondÊncia

- Intelectual Na Presidência – Conhecendo A Cabeça De Fhc

- TrajetÓria PolÍtica E JurÍdica De Rui Barbosa

- José Veríssimo



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia