Resumo de Contra-investimento (Psicanálise) -

Processo econômico postulado por Freud como suporte de numerosas atividades defensivas do ego. Consiste psiquicamente no investimento, pelo ego, de novos pensamentos (representações ou sistemas de presentações),
novas atitudes (mentiras, justificativas, negações de sentimentos, idealizações, atuações etc.), suscetíveis de criarem obstáculo para que o retorno do recalcado tenha acesso à consciência, bem como as tendências e desejos inconscientes que são temidos pelo ego, em face ao seus valores (ideal de ego).
A noção de contra-investimento é invocada por Freud principalmente no quadro da sua teoria econômica do recalque. As representações a recalcar, na medida em que são investidas constantemente pela pulsão e tendem incessantemente a irromper na consciência, só podem ser mantidas no inconsciente se uma força igualmente
constante for exercida em sentido contrário. Em geral, o recalque supõe, portanto, dois processos econômicos que mutuamente se implicam:a) desinvestimento do quantum de afeto recalcado no sistema pré-consciente, até então ligado à determinada representação desagradável, disponibilizando uma nova energia para o ego.
b) contra-investimento energético em direção ao inconsciente, fazendo uso da energia que a operação precedente tornou disponível ao ego, produzindo ou impedindo o retorno do recalcado. Convém notar que o contra-investimento tem, como resultado, a capacidade de manter uma representação recalcada no sistema onde se encontra. Trata-se, pois, do investimento de um elemento do sistema pré-consciente-consciente que impede o aparecimento, em seu lugar, da representação recalcada. Por outro lado, o que é psiquicamente contra-investido pelo ego pode ser tanto
uma nova forma de pensar (nova representação), bem como o aprendizado de uma situação desagradável, ou um novo comportamento, ou um novo traço do caráter etc., sendo o objetivo do contra-investimento produzir o recalque ou evitar o retorno. Nesta medida, a noção de contra-investimento exprime o aspecto econômico da noção dinâmica de defesa do ego. A indestrutibilidade do desejo inconsciente opõe-se à rigidez relativa das estruturas defensivas do ego, que exige um permanente dispêndio de energia a ser contra investida para o inconsciente, evitando seu retorno.
Exemplos: mentir, idealizar algo, fugindo da realidade, negar seus sentimentos, atuar, intelectualizar, justificando o que não fez e deveria ter feito etc.

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