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Pedro Malasartes e o Urubu Falante
(Lendas Brasileiras)

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Logo que o pai de Pedro Malasartes morreu, fez-se a partilha dos bens - uma casinha velha - entre os filhos. A Pedro coube uma das portas da casa.
Pôs a porta no ombro e saiu pelo mundo. No caminho viu um bando de urubus sobre um burro morto. Atirou a porta sobre eles e caçou um urubu que tinha quebrado a perna.
Apanhou-o, pôs a porta às costas e continuou viagem. Depois de muito andar, avistou uma casa de onde sala fumaça, sinal de comida sendo preparada. Pedro bateu à porta e pediu de comer.
Veio atendê-lo uma pretinha que foi dizer à patroa que ali estava um vagabundo a pedir comida. A mulher mandou despachá-lo, sua casa não era abrigo de malandros.
O marido estava de viagem e a mulher preparava um banquete.
Malasartes, tão mal recebido que foi, resolveu subir no telhado para espiar o que se passava ali. Subiu e ficou sentindo o aroma dos bons petiscos.
Pelos vãos das telhas viu os preparativos e tomou nota das iguarias, e ouviu as conversas da patroa e da negra.
Na hora do jantar chegou o dono da casa que resolvera voltar inesperadamente.
A mulher imediatamente mandou esconder os pratos do banquete e veio recebê-lo, fingida e risonha, mas por dentro queimando de raiva.
Mandou pôr na mesa a janta que era somente feijão aguado e paçoca de carne seca, dizendo:
- Por que não avisou, marido? Eu havia de aprontar mais alguma coisa...
Nesse momento Pedro bateu na porta. O dono da casa foi ver quem era. O rapaz pediu um prato de comida e ele o chamou para a mesa a servir-se do pouco que havia. Pedro se sentou, puxando o urubu para debaixo da mesa, preso pelo pé num pedaço de corda. Estavam os dois homens conversando, quando o Malasartes pisou no pé quebrado do bicho e este se pôs a gritar.
O homem levou um susto e perguntou o que teria o bicho. Pedro respondeu sério:
- Nada! Ele está falando comigo.
- Falando! E esse bicho fala?!
- Sim senhor, nós nos entendemos. Por isso o trago sempre comigo.
- Como assim?
- Agora, por exemplo, está dizendo que a patroa teve sinais da volta do senhor e lhe preparou uma boa surpresa.
- Uma surpresa! Conte lá isso.
- Está dizendo que há uma leitoa assada ali naquele armário...
- Ó mulher, é verdade o que diz o urubu deste moço?
Ela com receio de ser apanhada e certa de que Pedro sabia a verdade, respondeu:
- Pura verdade! O bicho adivinhou. Queria fazer-te a surpresa no fim do jantar.
E gritou:
- Maria, traz a leitoa.
A negra veio correndo com a leitoa na travessa.
Daí a pouco Malasartes pisou outra vez no urubu que soltou novo grito. O homem perguntou:
- O que ele está dizendo?
- Bicho intrometido! Está dizendo de outras surpresas...
- O que é?
- Um peru recheado...
- É verdade, mulher?
- Uma surpresa, maridinho! Maria traz o peru que preparei para teu patrão.
Pelo mesmo expediente Pedro Malasartes fez com que viessem para a mesa todas as iguarias, doces e bebidas que havia na casa.
Findo o jantar, o dono da casa, encantado com as proezas do urubu, propôs comprá-lo a Pedro Malasartes que o vendeu bem caro, enquanto a mulher bufava de raiva, crente no poder mágico do bicho, que assim seria um constante espião de tudo quanto fizesse.
Fechado o negócio, Pedro Malasartes partiu satisfeito e vingado.



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