Ensaio sobre a cegueira
(José Saramago)
Se de repente as pessoas fossem ficando cegas, uma após a outra, seja um executivo , um lixeiro, um carteiro, o juiz ou o trombadinha, quem se daria melhor? Quem tem carro importado, roupas de griffe e muitos empregados ou quem aprendeu a se virar sozinho desde cedo? Quando todos estão cegos as diferenças se vão, a beleza física não vale muita coisa, os olhos azuis não são mais bonitos que os castanhos e pouco interessa a marca do jeans. Um cego de nascença, já adaptado com as trevas de toda sua vida, se destaca nessa situação. Não importa se você é branco ou negro, feio ou bonito, o que importa é sua capacidade de sobrevivência, seu poder de improvisação. Situações absurdas, conflitos de poder, intrigas, romances e aventura, todas essas situações são abordadas pelo autor. Diante da eminente epidemia, as pessoas atingidas pela "síndrome" começam a ser isoladas e são colocadas em quarentena em estruturas cercadas por altos muros e vigiadas por guardas fortemente armados. É essa a tentativa desesperada das "autoridades" para combater a epidemia. Nesse caos relativamente organizado, uma garota não é atingida pela doença, mas mesmo assim acaba no isolamento, e a partir de seus comentários, das situações vividas pela mesma, nos confrantamos com situações absurdas, onde o que prevalece é a força. Assim se estabelece uma nova ordem social, um novo " STATUS QUO", surgindo pois uma nova classe dominante, onde o poder do mais forte se impõe. É essa a proposta que nos faz José Saramago, um dos poucos escritores de língua portuguesa agraciado pelo prêmio Nobel de literatura, nesse intrigante e maravilhoso romance de final surpreendente.
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