Em busca de sentido
(Viktor E. Frankl)
Qual é o sentido da vida? Não me refiro àquelas questões
surradas de onde viemos, por quê estamos aqui, para onde vamos, entre outras.
Não que as tenha superado, confesso que ainda fazem parte do repertório das
minhas inquietações.
Provocativamente, meu intuito é desafiar o leitor a refletir
sobre o viver, aqui e agora, inicialmente inquirindo-se o que espera da vida?
Para alguns, a resposta será óbvia, provavelmente titubeante, a morte! Para
outros, talvez, exija coragem e humildade para alegarem a própria finitude. Creio
que, a grande maioria recusará, ingenuamente, a morte como sentença final.
Acredite, considero como válida as três opções, o que pouco
importa, seja ela qual for, o mais importante é, o que a vida pode esperar de
mim? E de você, o que a vida pode esperar?
Imagine-se destituído de tudo aquilo que valoriza, o mantém
vivo, desde as necessidades mais básicas até aquelas que o identificam como cidadão,
ou melhor, como ser humano.
Atrevo-me liderar na condução desta impensável imaginação,
arrancaremos o trabalho, qualquer título ou diploma conquistado será anulado,
todos os direitos de cidadão serão cancelados, aquela que tem como residência
será utilizada a interesses diversos àqueles de proteger a você e seus
familiares.
Depois de tudo isso, e outras desconhecidas, você e sua
família serão marcados e transportados como gado. Separados por idade, sexo, utilidade,
trabalho, cobaia e outros fins. Caso não sirva para nada será eliminado e incinerado,
sem qualquer justificativa.
Sua única propriedade? O corpo nú. Não, não se trata de
ficção ou masoquismo, é a vida real de Viktor E. Frankl, autobiografada, parte
dela, no livro “Em busca de sentido”. Frankl é um psiquiatra, sobrevivente dos
campos de concentração, mais do que isto, através de seu sofrimento criou e
desenvolveu um sistema de terapia, publicou 32 livros, foi professor de
Neurologia e Psiquiatria em várias universidades.
Dividido em três partes, “Em busca de sentido”, Frankl narra
desde a sua chegada ao primeiro campo de concentração até a sua libertação; a
criação da Logoterapia e os resultados obtidos com sua aplicação em clínicas e
hospitais psiquiátricos em vários países; palestrando sobre Logoterapia.
PARTE I – EM BUSCA DE SENTIDO
Quão resiste uma pessoa
normal a severos castigos físicos, tortura mental diuturnamente, guerra psicológica incessante e a todo tipo de
crueldade, imaginável e inimaginável?
Frankl não pretende despertar
a comiseração do leitor às vítimas dos campos de concentração durante a Segunda
Guerra Mundial, tema explorado exaustivamente, através de documentários, filmes
e livros.
Seu propóstito é puxar o
leitor consigo à mais cruenta sensação da realidade dos prisioneiros subjugados
a carcereiros sádicos. Ora na visão do prisioneiro, e, num esforço incomum, ora
na visão do experiente psiquiatra.
Didaticamente expõe a
evolução dos seus sentimentos, e de seus companheiros de cativeiro, em três
fases distintas.
A primeira fase, na
recepção era marcada pela ilusão de que “só o trabalho liberta”, esta frase
estava escrita numa placa na entrada dos campos de concentração.
A segunda fase,
distinguia-se a partir do momento da aceitação e banalização do brutal sofrimento, o própria e o alheia. Imposto pelos guardas da SS e por capos - vigias selecionados entre os
prisioneiros, através de tarefas desumanas e castigos físicos constantes e
sistemáticos, torpemente motivados.
Neste estágio do cativo,
o psiquiatra destaca o critério eficaz utilizado pela SS para selecionar os ‘melhores’ guardas e capos, aqueles cuja natureza sórdida fugazmente emergirá.
Relata como uma pessoa consegue
resistir a condições extremas de trabalho, sob temperaturas gélidas que alcançam
abaixo de -20ºC, nutridos por pífia ração de 100 gramas de pão e 300 ml de
caldo de batata podre e algumas ervilhas, fornecidas a dedo aos priviligiados. Conta
como resistiu a masturbação gastronômica, cujo vício pode prejudicar
fisiológicamente o estômago reduzido e adaptado à falta de alimento.
Além de outras
atrocidades, some-se a isto, as inumanas instalações de repouso, “quando
possível, dormíamos sobre palhas úmidas pela urina e fezes, próprias e dos
companheiros amontoados as centenas.”
Neste inferno, a
probabilidade de sobreviver é de 1 em 28. Cálculos estatísticos informados após
a libertação dos prisioneiros.
A tão sonhada libertação, a terceira fase do cativeiro, não
foi uma reação unânime de regozijo, ao contrário é a constatação tétrica de que,
o motivo para o qual sobreviveu não existe mais, ou seja, o lar e a família
desapareceram.Não houve tempo e nem
preparo necessários para a descompressão mental das pessoas, como explica o psiquiatra. Os
prisioneiros eram pressionados intensivamente, durante anos, dentro do campo de
concentração.
PARTE II – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA LOGOTERAPIA
A primeira pergunta aos
que procuram a logoterapia é: Porquê você não cometeu suicídio ainda? A
resposta recebida é a motivação para se continuar a viver, o terapeuta então
elabora a sua estratégia de abordagem logoterápica.
Totalitarismo e conformismo são condições que levam a monotonia
de hábitos e atitudes. Oposto a isto, e paradoxalmente, quanto mais um país
evolui nos aspectos sociais, mais comumente o vazio interior e a rebeldia
manifestam-se. Segundo o Dr. Frankl, é o reflexo da humanização, as pessoas estão
buscando um sentido de vida, além do consumismo e do vil prazer.
PARTE III – A TESE DO OTIMISMO TRÁGICO
Em palestra proferida
pelo Dr. Frankl em 1983 na Alemanha, o criador da Logoterapia, inicia com um convite aos
participantes perguntando o que se deve entender por “otimismo trágico”.
De forma simplista, significa permanercer
otimista apesar da dor, culpa e morte, a tríade trágica presente na vida de
todos nós.
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