Resumo de Poucas cinzas (Little Ashes) -

Poucas cinzas (Little Ashes) conta a história de três amigos, desde que se conheceram até a morte de um deles. O poeta Federico García Lorca (Javier Beltrán) e o cineasta Luis Buñuel (Matthew McNulty) já se conheciam na universidade em Madrid, quando um tímido e espalhafatoso Salvador Dalí (Robert Pattinson) chegou à cidade, com ambições muito claras sobre sua arte em tela e pincel.
Em meio à efervescência cultural do pós primeira grande guerra, em 1922, o que ressalta nos 122 minutos de filme, porém, é a relação homossexual entre os três. Mais intensa entre Lorca e Dalí. A história acaba em 1936, quando as forças franquistas tomam conta da Espanha e tem início a guerra civil. Lorca, engajado contra o fascismo, é assassinado.

Salvador Dali, apaixonado, mas sempre reticente em viver plenamente e expor seu amor pelo poeta, surta. Continua sua vida salva apenas pela arte, ao lado de Gala (Arly Jover), uma mulher que conheceu quando ainda era casada. Talvez tenha encontrado uma mãe. Dormiam em quartos separados, levavam uma relação simbiótica em que o sexo pode ter sido excluído por cheirar a incesto. Esta foi a impressão que tive.

O relacionamento entre Lorca e Dalí antes de ter sido homossexual, até porque o sexo desaparece, dando muito mais espaço à homoafetividade, foi entre dois homens que se amaram. Lorca revela a bissexualidade latente, quando tem relações sexuais com uma amiga apaixonada. Mas, fica claro que o ato se deu muito mais para testar os afetos de Dalí, do que para satisfazer algum desejo instintual ou selar alguma relação afetiva para além da amizade.

Parece também que a atração entre o trio se deu bastante pela mútua admiração intelectual e estética, que aliás os fez uma vanguarda ultramoderna à época. O filme da safra surrealista “Um cão andaluz”, dirigido por Buñuel e com cenários de Dali, é exemplo disso.

Não sei se devido a interesses outros, além da pura satisfação sexual, os três enveredaram por uma união cuja base era a intelectualidade e as artes, talvez como forma de sublimação das energias sexuais como representação dos afetos intensos e insuportáveis envolvidos.

Quem melhor e mais profundamente expressou seu amor pelos amigos e, em especial, por Dali, foi Lorca. Buñuel e Dali, não menos sensíveis, porém com menos recursos para lidar com seus próprios afetos, tentaram sublimar usando imagens na película e na tela.

E provaram, de alguma forma, que imagem não fala por mil afetos. Nem é mais concreta e é ainda muito menos objetiva do que o descrito e escrito - com a vantagem de que o interdito pode ter sentido outro no inter-dito e portanto ser subentendido.

Resumos Relacionados